terça-feira, 4 de novembro de 2014

Silvana conta sobre a aula que foi convidada a dar na Faculdade de Direito da USP

O site Palavra Operária ouviu Silvana Ramos, linha de frente da luta dos trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas da USP e militante do grupo de mulheres Pão e Rosas que nesta última quinta-feira esteve na Faculdade de Direito da USP a convite do professor Jorge Luiz Souto Maior


O site Palavra Operária ouviu Silvana Ramos, linha de frente da luta dos trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas da USP e militante do grupo de mulheres Pão e Rosas que nesta última quinta-feira esteve na Faculdade de Direito da USP a convite do professor Jorge Luiz Souto Maior: "Fui convidada pelo Professor Jorge Luis Souto Maior, da Faculdade de Direito, a participar de uma aula sua sobre o direito do trabalho no capitalismo, contando sobre as condições de trabalho dos trabalhadores terceirizados. Os alunos disseram que isso era importante, porque na faculdade ficam estudando as leis, mas não conhecem a situação das pessoas que estão por trás dos casos que elas tratam. Contei sobre as condições de trabalho que tive como trabalhadora da limpeza na USP, com um trabalho muito pesado e sem descanso, por um salário muito baixo, sendo obrigada a fazer as refeições no banheiro, e vendo situações como a de uma colega ficando doente, e não podendo ir no médico, se não levava falta e perdia parte do salário e a cesta básica que sustentavam o filho, e adoeceu até passar muito mal no trabalho e ser levada para o hospital, onde descobriu que tinha um câncer avançado, que em pouco tempo matou ela. Contei também sobre a greve da Dima em 2005, e sobre as greves das terceirizadas da USP nos anos de lá pra cá, que são a única forma de enfrentar essas condições, se unindo. Apresentei o livro ’A precarização tem rosto de mulher’ que conta a história dessas lutas".
Silvana conclui dizendo que: "Falei também de como os trabalhadores não tem garantidos seus direitos trabalhistas, e situações que eu mesma passei, em que sabia que meus direitos estavam sendo desrespeitados, mas sabia que a justiça, mesmo se desse razão para mim, demoraria dez anos pra me dar meus direitos, pelos quais não dá pra esperar vivendo com o salário de terceirizada. É muito importante que tenham aulas assim, e professores que buscam formar advogados, e estudantes de todos os cursos da universidade, que entendam a realidade dos trabalhadores, e usem o que aprenderam como profissionais que defendam os trabalhadores."
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