quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Nota do Pão e Rosas MG de solidariedade aos moradores das ocupações da região do Isidoro e de repúdio à repressão e ameaça de despejo


Por Pão e Rosas - MG

Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas, através desta nota expressamos nossa total solidariedade aos moradores das ocupações sob ameaça de despejo em Belo Horizonte: Esperança, Rosa Leão e Vitória. A prefeitura da cidade, em parceria com empresas empreiteiras e do setor imobiliário, nega às milhares de famílias alojadas nos terrenos ocupados condições dignas de moradia. Repetidamente lançam ameaças de despejo e efetuam um policiamento e repressão frequentes contra os moradores, que vivem em estado de constante apreensão e insegurança.

Os habitantes das ocupações, em sua maioria trabalhadores, não tem o mínimo para uma existência digna, sofrem também com a ausência de serviços de saúde, educação e transporte públicos e de qualidade. Sabemos que é sobre as costas das mulheres, mais especialmente as mulheres negras, que recai o peso maior dessa intensa precarização da própria vida, são seus filhos os violentados pela intensa repressão policial, e é às mulheres que pesa a responsabilidade pela criação de bases sólidas para o desenvolvimento de seus filhos. Além disso, a dupla ou até mesmo tripla jornada de trabalho a que são submetidas não encontra ao menos um descanso quando o dia termina em suas casas, ameaçadas de despejo e em péssimas condições. Nos solidarizamos com a luta das moradoras mulheres das ocupações urbanas: precarizadas, oprimidas e exploradas, combatem a violação de direitos humanos básicos. 

O problema de moradia no Brasil é histórico e, segundo dados de 2008, o déficit habitacional era de cerca de 5,5 milhões de domicílos. O governo federal, ao mesmo tempo em que cria projetos que quase não saem do papel, como o Minha Casa, Minha Vida, mantém nas mãos dos empresários imobiliários mais de 7 milhões de imóveis vagos, que servem para garantir os lucros da especulação imobiliária. Apoiamos a importante luta por moradia digna para todos que necessitam, batalha que só pode ser vencida através da luta conjunta dos trabalhadores e do povo pobre, dos moradores das ocupações e favelas, por uma radical reforma urbana que acabe com a especulação imobiliária.

Exemplo dessa importante aliança operário-popular vem sendo dada pelos trabalhadores da USP, que a partir de sua greve se colocaram na linha de frente pela defesa da saúde e educação públicas e de qualidade. Os trabalhadores em greve fizeram um importante ato na favela São Remo, ao lado da USP, em defesa dos trabalhadores terceirizados demitidos que em sua maioria vivem nessa favela e seus arredores, e seguiram dialogando com os moradores para mostrar que as exigências da greve eram também as demandas da população. Desde o início, saíram em defesa da contratação de mais enfermeiras para o Hospital Universitário, que sofre hoje com uma fila de mais de 850 mulheres para realizar o exame do papanicolau no hospital universitário, exame que previne contra o câncer de colo de útero, entre outras doenças sérias, e possui apenas duas enfermeiras para realizar todos esses exames. Os trabalhadores são obrigados a atuar com material de péssima qualidade, de quantidade insuficiente e de preço o mais barato possível, um reflexo do valor que o governo Alckmin/PSDB – o mesmo partido do ex-governador de MG e atual candidato à presidência Aécio Neves e seu apoiador e também ex-governador de Minas, Anastasia - dá à saúde pública, que atende a população de baixíssima renda. Agora, os trabalhadores da USP transformaram em pauta central de sua luta a defesa do Hospital Universitário contra sua ameaça de privatização, transformando essa luta em uma causa popular. Se unificaram inclusive com os movimentos de luta por terra e moradia, como MST e MTST, em defesa da saúde pública e contra a desvinculação do HU da USP.

Basta de imóveis vagos em nome da especulação imobiliária. Por uma reforma urbana radical, com um plano de obras públicas controlado pelos trabalhadores e povo pobre, que parta de expropriar todos esses imóveis vagos, sem indenização aos empresários, e os coloque à disposição do povo pobre e sem moradia. Essa luta para resolver o problema de moradia só pode ser triunfante se não for tomada de maneira isolada pelos movimentos de moradia, mas em conjunto com os trabalhadores, contra o latifúndio urbano, pela derrubada da burguesia através da aliança operária e popular.


Não ao despejo, abaixo a repressão!!!
Moradia, transporte, saúde e educação de qualidade para todos!!!


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