segunda-feira, 29 de novembro de 2010

I FESTIVAL INTERUNESP CONTRA OPRESSÃO


O cenário aberto pelas eleições - onde Dilma e Serra fizeram todo o possível para garantir à Igreja e setores conservadores da sociedade que continuariam criminalizando o aborto - mostra aos setores oprimidos por esta sociedade o que significa Dilma, uma mulher, na presidência. Significa a continuidade do atrelamento do Estado com a Igreja Católica, garantindo a impunidade de seus bispos pedófilos, o direito de ensinar seus valores reacionários nas escolas públicas que só contribuem com a construção da violência como homossexuais, pois pregam um sexo somente para a reprodução, proibem o uso de preservativos e, para tudo isso, ainda tem isenções fiscais.

Nenhuma confiaça é possível no governo de Dilma! Uma mulher no poder não significa avanço para as mulheres trabalhadoras que morrem com abortos clandestinos e são super exploradas cotidianamente nos postos de trabalho mais precarizados. Frente a pressões da Igreja, Dilma abriu mão do direito ao aborto, uma demanda histórica das mulheres, para garantir sua eleição Do que mais abrirá mão frente a futuras exigências dos empresários, banqueiros em crise? O direito das mulheres à vida, a liberdade de exercer a sexualidade, a igualdade entre raças não são negociáveis.

Mostrando a pouca importância que dá a vida das mulheres (mortas em abortos clandestinos, assassinadas brutalmente por seus companheiros e ex companheiros), de homossexuais etc., Dilma está ajudando a cavar espaço para os setores mais preconceituosos da sociedade se manifestarem impunemente! É só observar como estes setores se sentem confiantes de criar comunidades no orkut, blogs, agredir pessoas nas ruas. É preciso a mais completa intransigência frente às demonstrações de opressão. O acordo Lula-Vaticano, a tática eleitoreira de Dilma e a omissão constróem a homofobia, o machismo, o racismo.

Parabenizamos a iniciativa dos estudantes da Unesp e construimos ativamente o ato em frente a reitoria da Unesp, no dia 17/11, desmascarando o papel conivente da reitoria com a violência às mulheres. Chamamos à todas/as a construir e participar do I Festival InterUnesp, organizado pelo DCE da Unesp, contra todas as formas de opressão e violência contra mulheres, homossexuais, negros/as.

PARA AVANÇAR PELO FIM DA OPRESSÃO,
                                    SEJAMOS INTRANSIGENTES NA LUTA PELOS NOSSOS DIREITOS!

03 e 04 de DEZEMBRO
em MARÍLIA


Performance Contra Opressão - Pão e Rosas Marília

UNICAMP: BASTA DE VIOLÊNCIA SEXUAL NO CAMPUS!

CHAMAMOS À MAIS AMPLA FRENTE-ÚNICA
CONTRA A VIOLÊNCIA ÀS MULHERES E HOMOSSEXUAIS
Coletivo Feminista e Grupo de mulheres "Pão e Rosas"


Na última segunda-feira uma aluna da Unicamp sofreu uma tentativa de estupro na saída da Funcamp. Sabemos que não se trata de um caso isolado e que são recorrentes situações deste tipo dentro e fora da universidade, assim como os últimos casos absurdos de violência que vem acontecendo: o espancamento de homossexuais na Av. paulista, e em uma festa na ECA na USP, até a útima barbaridade ocorrida no InterUnesp, que foi o intitulado "rodeio das gordas".

Nós mulheres vivemos ameaçadas pelo risco eminente dessa violência. Sabemos que a superação dessa forma brutal de opressão exige transformações profundas em nossa sociedade mas, por outro lado, medidas simples e essenciais como mais seguranças (não terceirizados e sim contratados via concurso público e orientados para saber como lidar em casos de violência) em locais de risco e melhor iluminação, poderiam ser tomadas pela Unicamp para coibir alguns desses casos. Não se trata de permitir a entrada da polícia no campus ou de restringir ainda mais o acesso e uso desse espaço público, nem que estes seguranças sirvam para reprimir os estudantes e trabalhadores que se contrapõe aos interesses da reitoria, o que condenamos veementemente, mas de tomar medidas concretas que coíbam essas e outras formas de violência e opressão machista e homofóbica, para as quais a universidade infelizmente fecha os olhos. Exigimos medidas imediatas da universidade. A omissão é uma forma de consentimento com a violência. Uma violência que tolhe cotidianamente nossa liberdade e que mutila nossos corpos.

ATO EM FRENTE À SAÍDA DA CASA DO LAGO/FUNCAMP
DIA 01/12, QUARTA-FEIRA, ÀS 17:30
(CONCENTRAÇÃO PRÓXIMA À CANTINA DO IFCH ÀS 17H, E CAMINHADA ATÉ O LOCAL DO ATO)

UNICAMP: Eleições do CACH (Centro Acadêmico de Ciências Humanas): Pão e Rosas apóia a chapa "A poesia está nas ruas"

NÃO PASSARÁ NENHUMA OPRESSÃO!

Já basta de mulheres mortas e estupradas, de negros espancados e escravizados ou de homossexuais surrados sem a liberdade de expressarem seu amor e sexualidade. Nos últimos meses vimos uma serie de casos de violência e opressão brotarem feito baratas de um bueiro, tão asqueroso quanto foram os rapazes que montaram em cima das meninas no intitulado “rodeio das gordas”, no InterUnesp, ou uma estudante de direito de São Paulo que disse desvergonhosamente que seria um favor ao Brasil se matassem os nordestinos afogados ou a agressão de um grupo de jovens de classe média contra homossexuais na Av.Paulista, sem falar as milhares de mulheres que morrem por abortos clandestinos, ou assassinadas pelos companheiros, dos estupros, e outras barbaridades.

Mas essa serie de casos de opressões não são individuais e sim um reflexo de um conservadorismo que se alastra livremente. As eleições deste ano é uma mostra disto, com um discurso que ressaltava a primeira mulher no poder como um avanço na vida das mulheres, mostrando na realidade sua posição reacionária para angariar votos ,sendo um dos principais elementos na disputa entre os presidenciáveis, a criminalização do aborto, além do discurso contra os direitos dos homossexuais, etc. E deste ínterim conservador, as Universidades não estão imunes: os homossexuais espancados em festas como na ECA, as meninas estupradas na Unicamp, entre outras, tudo isso está ligado ao projeto de universidade capitaneado pelos interesses da burguesia junto ao Estado, que sustentados nesses setores conservadores de estudantes, vem privatizando, terceirizando e elitizando cada vez mais as universidades, restringindo o conhecimento produzido nesta, a uma parcela parasita da sociedade e deixando de fora juventude pobre, trabalhadora e negras. E as reitorias são culpadas por estas barbáries quando se calam, ou muitas vezes “premiam” os agressores com bolsas para que saiam das moradias ou mesmo suspendem os agressores apenas no período de férias.

Assim, nós do Pão e Rosas, viemos expressar o nosso apoio à chapa “A Poesia está nas Ruas”, que tem uma concepção de movimento estudantil e entidade militante, entende a questão de opressões ligada a uma conjuntura socioeconômica, tendo que os estudantes responder a ela de forma cotidiana, militando em conjunto com as outras demandas do movimento estudantil, uma vez que não estão de forma alguma dissociadas. Fim do vestibular e uma universidade aberta para a população com cursos noturnos, significa, para além da democratização do acesso ao conhecimento, também uma Universidade viva, com pessoas a ocupando, ao contrario da morte atual, onde as meninas são estupradas nos campus vazios. Políticas concretas de permanência estudantil, significa também moradias para as meninas e creches. Voto universal com maioria estudantil para que os estudantes e trabalhadores possam decidir os rumos da Universidade e voltá-la aos seus interesses e da população.

Por um movimento estudantil que subverta a estrutura opressora das Universidades, chamamos a todos a conhecerem a chapa “A Poesia está nas Ruas”.

Basta de violência às mulheres, homossexuais, negros e nordestinos!

Basta de estupros e assédios moral e sexual nas moradias e universidades!

Por comissões de estudantes, trabalhadora(e)s e professoras de apuração dos casos de violência independentes das reitorias!

Por creches e moradias para todas as estudantes mães, casadas ou solteiras! Pelo fim da terceirização que escraviza, humilha e divide a(o)s trabalhadora(e)s!

 Pela contratação de toda(o)s os terceirizada(o)s sem concurso público!

Aborto legal, livre, seguro e gratuito! Pelo direito de decidir sobre nossos corpos e sexualidade!

 Pela separação da Igreja do Estado! Pela revogação do acordo Brasil-Vaticano assinada em 2008 no governo Lula!

TODOS AO ATO CONTRA A VIOLÊNCIA SEXUAL NO CAMPUS!
DIA 01/12 - CONCENTRAÇÃO NO IFCH ÀS 17H.

ATIVIDADE: CONJUNTURA NACIONAL E A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES E HOMOSSEXUAIS - DIA 30/11 - 14h NO IFCH.

www.apoesiaestanasruas.blogspot.com


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

ATO CONTRA A HOMOFOBIA DO CHANCELER DO MACKENZIE

Estudantes do Mackenzie organizaram um ato com 500 manifestantes contra o posicionamento do chanceler Augustus Nicodemus Gomes Lopes de defender o direito de ser homofóbico, sendo contrário a lei que criminaliza a homofobia. O ato teve apoio de estudantes USP e UNESP e, também, de integrantes de grupos feministas, movimento GLBTT.
O movimento estudantil mostra sua força e sensibilidade organizando atos como este, como o ato organizado pelos estudantes da UNESP, dia 17/11, em frente a reitoria exigindo a punição dos responsáveis pelo rodeio de gordas, com a organização do I FESTIVAL INTERUNESP CONTRA A OPRESSÃO. Este é o papel que o movimento estudantil cumpriu em maio de 68, na luta contra a ditadura e é a tarefa que deve se dar para os próximos períodos: defesa intransigente dos direitos democráticos.

Pela criminalização da homofobia! Pelo direito civil ao casamento homossexual!

Pela completa separação do Estado e a Igreja!

Educação sexual para decidir, contraceptivos para não abortar, 
aborto legal, seguro e gratuito para não morrer!  



quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Uma mulher no poder e mais violência contra as mulheres e homossexuais. No dia 25 de novembro: construir um grande ato contra a violência as mulheres, homossexuais , negra(o)s e nordestina(o)s!

por Rita Frau,
profa. da rede estadual de SP


Chegamos no dia 25 de novembro, dia internacional da luta contra a violência as mulheres, quase um mês depois de ter sido eleita a primeira mulher presidente do Brasil. A corrida eleitoral do segundo turno teve como um de seus temas centrais a questão do aborto e dos direitos aos homossexuais. No pós-segundo turno a Igreja consolidou suas posições em relação à proibição do aborto e contrárias a direitos aos homossexuais, e os setores mais reacionários passaram a expressar seu profundo preconceito social em relação aos votos nordestinos na eleição de Dilma acompanhados das diversas denúncias na grande mídia da realidade da violência homofóbica aos homossexuais. O ultimo processo eleitoral mostrou que, quanto mais se faz concessões aos setores conservadores, mais espaço político eles ocupam e não o contrário, como quer nos fazer crer setores reformistas que votaram e fizeram campanha para Dilma Rousseff como a Marcha Mundial de mulheres e centenas de intelectuais. Setores do movimento de mulheres apoiaram Dilma com o discurso de que uma mulher no poder daria maior visibilidade para as mulheres e traria avanços nos direitos nas mulheres. Mas Dilma já deu provas que não significa este avanço, pois dará continuidade ao governo Lula, que assinou o Acordo Brasil-Vaticano em 2008, dando maiores poder à Igreja católica para disseminar seus valores que subjuga as mulheres e prega contra os homossexuais tratando-os como seres enfermos. Também não garantirá o direito ao aborto e a união civil entre casais homossexuais, assim como manterá as tropas brasileiras no Haiti, legitimando a exploração, miséria e violência de milhares de haitianas.

A violência no Brasil de Dilma

É neste Brasil de Lula e Dilma, que 1 milhão de mulheres recorrem ao aborto, realizados em sua maioria de maneira insalubre, sendo as mulheres pobres, trabalhadoras e negras, as que mais sofrem as seqüelas da clandestinidade. Em estados como Bahia e Pernambuco, aonde Dilma teve grande porcentagem de votos (70,85% e 75,65%), chega a ser a primeira causa de morte entre as mulheres. A cada 15 segundos no Brasil, uma mulher é espancada e uma em cada cinco mulheres declarou ter sofrido algum tipo de violência por um homem. Segundo a ONU, aproximadamente 140 mil mulheres são vítimas da rede do tráfico sexual na Europa, sendo cada vez maior o número de mulheres brasileiras traficadas. O índice de prostituição infantil segue aumentando junto com a indústria do sexo brasileira, que fatura R$ 4 milhões por ano. E com o grande empreendimento da Copa do Mundo 2014, se intensificará ainda mais a indústria do turismo sexual no país.

Casos de violência aos homossexuais aparecem nas páginas de jornais confirmando apenas a cruel realidade a que vivem, sendo a cidade de São Paulo a que conta com mais crimes a homossexuais, colocando o país como um dos primeiros no ranking de homicídios contra homossexuais, bissexuais e transsexuais sendo um morto a cada dois dias. Exemplo expresso na mais recente violência a dois casais homossexuais na Avenida Paulista por um grupo de jovens da classe média paulistana. Na parada gay ocorrida no RJ, um rapaz homossexual foi baleado por um militar em mais uma violência homofóbica. Ainda no RJ, dois rapazes homossexuais foram agredidos no vestiário da moradia estudantil da Universidade Rural por um estudante que se sentiu ofendido com a presença deles. Na capital paulista em uma festa universitária da Atlética da USP, mais um casal homossexual foi agredido.

Nossa luta contra a violência é todo dia e não com data marcada!

O dia 25 de novembro foi criado pela ONU em 1999 em homenagem as irmãs Mirabal, da República Dominica, mulheres que lutaram contra a ditadura de Leônidas Trujillo e foram mortas neste dia no ano de 1960 à serviço do imperialismo norte-americano. O surgimento desta data fez com que obrigasse a sociedade a encarar e debater uma realidade de milhares de mulheres, mas isso não significou uma luta real contra a violência as mulheres. Não podemos nos adaptar à lógica dos setores reformistas nos manifestando apenas nas datas do calendário estabelecido pela ONU, nos dividindo na luta pelos direitos democráticos das mulheres, homossexuais e negros.

Nossa luta é todo dia pois a violência contra mulheres e homossexuais é incentivada pelo capitalismo para adestrar o corpo e a sexualidade como forma de perpetuar diferenças sociais e de classe naturalizando a violência e tornando-a cotidiana, tentado disciplinar os corpos e as mentes até sua estupidez, contando com agentes preconceituosos para levar a frente sua ideologia reacionária, como por exemplo os organizadores do “Rodeio das Gordas”. Nesse sentido não compartilhamos com grupos de mulheres e LGBTT’s que colocam a violência às mulheres e homossexuais como um problema de saída individualista a partir da consciência individual ou apenas de dar maior visibilidade à questão; e nem com os que dizem que apenas com reformas dentro do capitalismo poderia-se acabar esse tipo de violência.

Assim como Lula, para nada Dilma lutará pelos direitos das mulheres, dos homossexuais e da classe trabalhadora. No primeiro capítulo da crise capitalista Lula liberou bilhões para salvar banqueiros e empresários, Dilma o apoiou e segue seu mesmo caminho, anunciando uma possível reforma da previdência entre outros ataques sobre classe trabalhadora que estão por vir diante do cenário de crise mundial. Frente a esse cenário de nada adianta que Dilma forneça a mulheres 30% dos cargos ministeriais num governo atrelado à Igreja e aos grandes conglomerados industriais e financeiros. A presença da mulher no poder do estado burguês não significa mais direitos às mulheres e Dilma sabe disso, e assim abre espaço para a maior cooptação dos movimentos feministas para que estes continuem se calando frente verdadeiro Brasil: o que mata e violenta as mulheres e os homossexuais.

Enquanto mulheres e homossexuais morrem a Igreja pedófila ganha audiência!

O espaço aberto nessas eleições para o reacionarismo da Igreja abriu precendentes para setores da Igreja presbiteriana se declararem abertamente contra o PL122, que criminalização a homofobia, como ocorreu na universidade Mackenzie, alegando que esta lei tirava a liberdade de expressão das Igrejas de pregarem para contra a homossexualidade. Na PUC-SP os clérigos clamaram pela demissão de uma professora que defendeu o direito ao aborto. É esta mesma Igreja, homofóbica e machista, que e se cala diante da morte de milhares de mulheres por abortos clandestinos e assassinatos de homossexuais, que comete milhares de crimes de pedofilia. E ainda querem nos falar em defesa da vida! Mas exemplos no mundo mostram uma luta contra a Igreja como na Argentina com a aprovação do casamento gay e mais recentemente na Espanha com o “beijaço”, na passagem do Papa, como manifestação contra a homofobia e pedofilia da Igreja católica. Em São Paulo o movimento LGBTT e setores de esquerda, saíram as ruas para se manifestarem contra a violência ocorrida na Av. Paulista, onde um grupo de classe média atacou casais de homossexuais. E novamente, no dia 24/11, se colocará nas ruas uma manifestação contra a homofobia, repudiando o pronunciamento homofóbico dos administradores do Mackenzie.

Por uma ampla campanha contra a violência as mulheres, aos homossexuais, negros e nordestinos! Pelo direito ao aborto legal, livre, seguro e gratuito! Pela livre identidade sexual! Pela separação da Igreja com o Estado!

Nos somamos aos grupos de mulheres, LGBTT´S, movimento negro e direitos humanos para lutar contra toda forma de violência, assim como também nos somamos ao ato convocado pela Marcha Mundial de Mulheres no dia 25 de novembro em São Paulo, mas acreditamos que a luta deva ser cotidiana em nossos locais de trabalho e estudos, impulsionando campanhas reais contra a violência e os direitos democráticos. Neste sentido é fundamental que as entidades estudantis se coloquem nesta luta- assim como vem dando exemplo o DCE da Unesp organizando um festival contra a opressão, mostrando qual o papel que deve cumprir uma entidade estudantil combativa na defesa dos direitos das mulheres e dos homossexuais. Cabe à CSP-Conlutas e a ANEL colocarem-se à frente dessa luta e organizar suas entidades na luta contra a violência às mulheres e aos homossexuais, como faz por exemplo a campanha da chapa 1 das eleições do Sindicato de Trabalhadores da USP (do qual algumas integrantes impulsionaa a Secretaria de Mulheres do Sintusp), com a necessidade de fazer um chamado ofensivo a todas entidades sindicais e estudantis do país a lutarem no dia 25 contra a violência às mulheres, pelo direito ao aborto, pelo direito ao casamento homoafetivo assim como o direito à livre identidade sexual como parte de uma luta feroz pela definitiva separação da Igreja com o Estado!

No dia 25/11, todos ao ato contra a violência a mulheres!

15 horas, em frente à Secretaria da Justiça de São Paulo
Pátio do Colégio (Próximo ao Metrô Sé)
MAIS BARBÁRIE CONTRA AS MULHERES E O POVO HAITIANO

Chegam a 900 o números de mortos por conta da epidemia de cólera no Haiti. Os culpados destas mortes tem nome e se chamam EUA, ONU e sua missão militar no Haiti, dirigida pela tropas brasileiras de Lula e Dilma. Essas tropas são as mesmas que matam e estupram as mulheres haitianas e mantém a miséria e exploração sobre o povo haitiano. Para amenizar as denúncias de violência sexual contra as tropas da ONU, o governo brasileiro estabeleceu um acordo de cooperação com o Haiti para treinar a polícia haitiana em casos de violência sexual contra as mulheres. Mas é essa mesma polícia que ajuda as tropas da ONU a assassinar e reprimir o povo haitiano, como ocorreu dia 14/11 quando vários haitianos se manifestaram contra o descaso do governo e das tropas da ONU com a expansão da cólera. Como podemos acreditar que uma mulher como Dilma pode representar as mulheres e defender nossos direitos se é conivente com tanta morte, miséria e estupros? Como podemos acreditar se é ela que apóia as tropas brasileiras que treina no Haiti como um grande laboratório para atuar nas favelas brasileiras matando o povo negro e matando homossexuais?

Basta de violência e estupros contra as mulheres haitianas!

Pela retirada das tropas brasileiras e ONU no Haiti!

Que toda a ajuda humanitária seja controlada pelas organizações dos trabalhadores e populares!







NOTA DE APOIO DO GRUPO de MULHERES PÃO E ROSAS À CHAPA ANEL ÀS RUAS PARA O DCE DA USP

Assistimos nas universidades do país a uma onda reacionária de ataques às liberdades democráticas e de casos de opressão que estouram cotidianamente, tais como a brutalidade contra mulheres no InterUnesp, a agressão física a homossexuais em uma festa da ECA e os dizeres xenofóbicos de uma estudante de direito após as eleições nacionais: “Faça um favor a São Paulo, mate um nordestino afogado”. As reitorias são completamente coniventes com todos esses escândalos porque esses estudantes compõe a base social nas quais elas se apoiam para implementar seu projeto de universidade que está cada vez mais ligado ao grande capital.

Enquanto os opressores ficam impunes, os que se levantam para lutar contra esse projeto seguem sendo punidos. Exemplos são os 17 estudantes do CRUSP e os 4 que participaram da ocupação da Reitoria de 2007 que hoje são ameaçados de expulsão, os vários estudantes sindicados, os diversos dirigentes sindicais processados e demitidos políticos como Brandão.

Entendemos que o movimento estudantil e suas entidades devem estar aliados às mulheres, aos negros, nordestinos e homossexuais na luta contra a opressão. Por isso, nas eleições para a gestão 2011 do DCE da
USP, o grupo de mulheres Pão e Rosas se coloca em apoio e se integra à chapa ANEL ÀS RUAS, na luta contra as opressões, a repressão, o REItor Rodas e seu projeto privatista de universidade.



terça-feira, 23 de novembro de 2010

Pão e Rosas no ato contra a violência homofóbica em São Paulo

O grupo de mulheres Pão e Rosas esteve presente no importante ato que aconteceu hoje, dia 21, às 15h, em protesto à recente agressão homofóbica contra um casal que caminhava pela Av. Paulista. Ao lado de militantes dos direitos humanos, LGBTTs, de agrupações feministas como a Marcha Mundial de Mulheres, e organizações operárias como a Ler-qi e o PSTU, gritamos neste domingo: “abaixo a homofobia!”.

A agressão de homossexuais, que hoje completa uma semana, não é um caso isolado. No último período, os setores mais conservadores e reacionários têm expressado publicamente todos os seus valores retrógrados e preconceituosos. A menos de um mês um casal de estudantes homossexuais da Usp foi agredido em uma festa da mesma universidade. No Rio de Janeiro houve agressões também durante a Parada Gay. Mulheres são tratadas como “gado” por estudantes durante o Interunesp, outros estudantes se organizam contra os nordestinos, incitando a violência e o afogamento pela internet! A reitoria da Mackenzie faz declarações homofóbicas e heteronormativas! E tudo isso acontece em um contexto político pós-eleitoral, em que Serra e Dilma se posicionaram claramente contra o direito elementar e democrático do aborto e do casamento igualitário para uniões homoafetivas!

Não podemos nos calar diante de tamanha ofensiva contra os nossos direitos civis e políticos, nossos corpos e sexualidade! Basta de agressões aos homossexuais, às mulheres, negr@s e nordestin@s! Precisamos lutar todos juntos por nossos direitos! Sigamos o exemplo de nossos irmãos argentinos, que ocuparam as ruas de seu país e conquistaram o direito ao casamento igualitário! Todos juntos – na luta e na rua - contra o machismo, racismo, homofobia e xenofobia!

Dando continuidade a esta luta nos somamos ao chamado para compor o ato contra a posição homofóbica da administração do Mackenzie, ligada à Igreja Presbiteriana, que se pronunciou contra o PL122 que criminaliza a homofobia.

Basta de violência contra os homossexuais! Pela liberdade de nossa sexualidade e nossos corpos! Pela separação da Igreja do Estado!

Todos ao ato de protesto contra o posicionamento homofóbico do Mackenzie!

Dia: 24/11 – Quarta Feira

Concentração às 17h30

Manifestação às 18h00

LOCAL: RUA ITAMBÉ, 45- Consolação

SURTO DE CÓLERA NO HAITI: Revolta popular é reprimida brutalmente pela Minustah

Simone Ishibashi

O Haiti encontra-se imerso em uma nova onda de crise por conta do surto de cólera. Uma revolta popular se abriu como resposta aos mais de mil mortos pela cólera, e mais de quinze mil infectados em apenas um mês por conta da atual epidemia que atingiu metade das 10 províncias do país. A cólera é uma doença que estava ausente do país há cerca de cem anos. A própria ONU estima que deve haver cerca de 200 mil pessoas infectadas pela doença em todo o país, que ainda desconhecem estar doentes. Não há água potável o suficiente para a população, e nem assistência médica, o que eleva a taxa de mortalidade. Toda esta situação desatou a onda de protestos atual.

As manifestações populares se abriram após o vazamento de uma informação divulgada por laboratórios norte-americanos de que a origem do vírus seria similar à encontrada no Nepal, país de onde provém parte do contingente que compõem as forças de ocupação da ONU, a Minustah, chefiada pelas tropas brasileiras, e composta ainda por tropas de países como a Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Equador, Espanha, França, Guatemala, Jordânia, Marrocos, Nepal, Paraguai, Peru, Filipinas, Sri Lanka e Uruguai. Além disso, desde o terremoto que assolou o país no começo do ano, destruindo sua infra-estrutura e criando as condições insalubres para a disseminação da epidemia, seguem presentes milhares de efetivos militares norte-americanos. A revolta haitiana contra a ocupação pode estar prestes a atingir um ponto culminante, com a população tendo se levantado para exigir a retirada imediata da Minustah do país.

As forças da Minustah e do imperialismo norte-americano estão mostrando cada vez mais seu caráter criminoso. A justa revolta do povo haitiano atende a uma situação insuportável. Há tempos os haitianos estão sendo castigados com a fome, a miséria, a doença e a total ausência de assistência médica e social em que o país está mergulhado, além da violência e a opressão desferida pelas tropas da Minustah que estão ocupando o país desde 2005. Esta revolta popular se transformou em enfrentamentos contra as tropas da ONU em diversas regiões do país, como em Cap-Haitien, Quartier Morin (ambas a cerca de 300 km de Porto Príncipe), Hinche (130 km da capital) e diversas vilas e cidades do norte. As tropas de ocupação não tiveram dúvidas: abriram fogo contra a população que se manifestava, e há pelo menos duas pessoas mortas, e dezenas de feridos. “Primeiro eles atiraram para dispersar a manifestação, mas em seguida, atiraram para matar”, declarou a testemunha Bimps Noël ao jornal El País.

Cinicamente, a ONU, numa tentativa de mascarar que a revolta da população haitiana é motivada pela situação de miséria e opressão que as tropas da Minustah só fazem aumentar, tem divulgado que a revolta popular não passaria de uma manipulação promovida por grupos contrários à realização das eleições presidenciais, previstas para acontecer em 28 de novembro. O próximo presidente do Haiti cumpriria com o papel de abrir o balcão de negócios que seria a “reconstrução do Haiti”, do qual a construtora brasileira Odebrechet já está demonstrando interesse. Seguramente esta “reconstrução” se daria em base ao lucro dos grandes monopólios e não para atender às necessidades mais sentidas do povo haitiano. Ainda que possa haver setores que sejam contrários às eleições, o fato é que as recentes manifestações são motivados e expressam um repúdio massivo e generalizado contra a ocupação criminosa da ONU e da Minustah. O imperialismo norte-americano, a ONU e os governos dos países que compõem a Minustah demonstram seu caráter profundamente reacionário. Ao contrário de enviar médicos para atender à população, ou prover assistência médica decente, aumentaram o contingente militar que ocupa o país, demonstrando que sua política visa reprimir e assassinar a população haitiana. Enquanto o povo do Haiti sucumbe, Lula estava reunido no G20 elogiando a “maturidade” dos governos imperialistas para tratar a crise capitalista internacional, em mais uma mostra de sua subserviência em relação ao imperialismo. Enquanto, Obama, o primeiro presidente negro da história dos EUA gasta US$ 600 bilhões de dólares em um pacote que visa garantir a competitividade dos produtos norte-americanos internacionalmente, o povo negro do Haiti, primeira nação independente da América Latina, está imersa em sofrimentos inauditos.

Isso demonstra que os únicos aliados do povo haitiano são os trabalhadores e a juventude latino-americana. É necessário redobrar a campanha que levante as bandeiras de:

Não à repressão ao povo haitiano! Punição aos assassinos!
 
Pela retirada imediata das tropas de ocupação do imperialismo norte-americano e da Minustah!
 
Por comissões independentes formadas pelos sindicatos e organizações populares para investigar as causas da tragédia e punição aos responsáveis!

Que os lucros dos grandes monopólios e toda ajuda humanitária sejam utilizadas para o atendimento médico e social da população!

Que os recursos sejam controlados pelas organizações populares e dos trabalhadores!



quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Amanhã na USP Seminário "Precarização, Apartheid e desmanche". Com Diana Assunção e Ricardo Antunes.

DESFORMAS
Centro de Estudos Desmanche e Formação de Sistemas Simbólicos

DESFORMAS - CENEDIC – CEMARX

Seminário – PRECARIZAÇÃO, APARTHEID E DESMACHE

19.NOV.10 - Sala 100 Prédio das Ciências Sociais- FFLCH

14:30 - DIANA ASSUNÇÃO
(Secretaria de Mulheres do Sintusp e do Pão e Rosas)

A precarização tem rosto de mulher

Com a ofensiva neoliberal que se impôs contra a classe trabalhadora nas últimas décadas, os capitalistas procuraram tirar proveito de todo tipo de divisão nas fileiras do proletariado, para enfraquecer suas lutas e impor condições diferenciadas de exploração. As condições de opressão sobre as mulheres forneceram um dos fatores mais eficazes para esse objetivo.

Nesse sentido, o combate contra a opressão às mulheres, do ponto de vista classista, deve estar conscientemente ligado ao combate a todo tipo de divisão das fileiras da classe trabalhadora, numa perspectiva de luta de classes.

A constituição da Secretaria de Mulheres do Sintusp, não por acaso realizada após a importante greve protagonizada pelo Sindicato em 2009, visa responder a essa questão. De acordo com seus objetivos abertamente declarados, a Secretaria é uma ferramenta de luta do conjunto das trabalhadoras, em aliança com as estudantes. Buscamos desde o início estabelecer uma relação especial com as trabalhadoras terceirizadas da USP, explicando a essas mulheres que queremos estar lado a lado com elas na luta contra a divisão imposta a nossa classe.

15:10 - RICARDO ANTUNES
(IFCH/ UNICAMP)

Do infoproletariado à informalidade ampliada: as formas de ser da precariedade

Nossa aula pretende apresentar algumas teses que conformam o modo de ser da precarização do trabalho hoje.

Vamos explorar analiticamente, os seguintes pontos: a degradação do trabalho no século xx e xxi e suas diferenciações; a era da informatização e informalização do trabalho; a perenidade e a superfluidade do trabalho; o trabalho imaterial e as novas formas do valor, bem como a nova morfologia do trabalho hoje, com destaque para o infoproletariado e a precariedade, dentre outros pontos.


PARA CONFERIR A PROGRAMAÇÃO COMPLETA (2010-11) ACESSE O BLOG DO DESFORMAS: http://desformas.blogspot.com/

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Pão e Rosas convida: debate sobre "violência contra as mulheres"

DIA 19/11, SEXTA, ÀS 19h


Local: Casa Hermínio Sacchetta de Cultura e Política,
Av. Anchieta, 51, Centro- Campinas, ao lado do "Pastel Voga

domingo, 14 de novembro de 2010

SINTUSP: Uma chapa combativa e classista para defender os lutadores!

Por Diana Assunção
trabalhadora da Faculdade de Educação e
membro da Secretaria de Mulheres do SINTUSP

Enquanto o governo e a Reitoria tentam destruir nosso Sindicato e a organização independente dos trabalhadores, inicia-se o processo de eleições para o SINTUSP. Trata-se de um momento importantíssimo, onde devemos buscar organizar os setores mais combativos que se expressaram durante as últimas greves para avançar em seu classismo, ou seja, para a compreensão profunda de que mesmo divididos em diferentes funções, categorias, regimes de trabalho (efetivos, temporários, terceirizados) e até em diferentes países os trabalhadores são uma só classe que têm em comum a exploração que lhes impõem os patrões e o governo. Devemos a partir desta ótica avançar na construção de um sindicalismo diferente do que temos visto nacionalmente – em especial os que já são diretamente dirigidos pela burocracia sindical, mas também os que se contentam em fazer um sindicalismo de esquerda que não se coloca no enfrentamento direto com a burguesia e o governo.

Para nós, revolucionários, as organizações operárias e seus partidos devem intervir nos Sindicatos para construir frações revolucionárias, que, como dizia Trotsky, lutem inicialmente por dois pontos essenciais: a independência do Sindicato em relação aos patrões e ao Estado Burguês; e a democracia sindical. Desde este ponto de vista que nos últimos anos viemos intervindo como uma ala minoritária na Diretoria do Sintusp, buscando aportar para avançar nos elementos classistas de programa e prática sindical, por uma verdadeira democracia operária. Ao mesmo tempo, buscamos profundamente unir, em primeiro lugar, programaticamente os setores de trabalhadores de nossa categoria com todos os setores explorados e oprimidos da sociedade, começando pelos trabalhadores terceirizados e temporários da própria universidade, pois partimos de que os sindicatos ainda representam setores minoritários da classe operária e para chegar em setores mais amplos precisam romper com o corporativismo.

Nós, que estamos construindo uma corrente político-sindical nas três universidades estaduais paulistas, fizemos um chamado ao Coletivo Piqueteiros e Lutadores, que hoje compõe a direção majoritária do Sintusp, a organizar uma chapa unificada dos setores combativos nestas eleições, pois consideramos que, apesar de nossas diferenças, seria um erro gravíssimo nos dividir neste momento. Propusemos este chamado, a partir de uma discussão programática que leve em consideração tudo que até hoje aprovamos em nossos Congressos e Assembléias, que já expressam uma base importante para um programa de classe. Diante da resposta positiva dos companheiros – que infelizmente se negaram a organizar uma convenção aberta para discutir o programa com os setores combativos de maneira mais ampla e democrática – nós vamos organizar reuniões em diversas unidades com outros ativistas e trabalhadores, buscando novos companheiros para fazer parte deste processo tendo como tarefa nº 1 a defesa dos lutadores e lutadoras.

SURTO DE CÓLERA NO HAITI: Mais um capítulo criminoso da política de ocupação

Por Simone Ishibashi

O Haiti encontra-se imerso em meio ao agravamento de fome, miséria e sofrimentos inauditos para a população. Em semanas o país se viu sendo assolado pelo pior surto de cólera. Desde meados de outubro cerca de 583 pessoas morreram, enquanto estima-se que cerca de 7 mil pessoas teriam sido infectadas. O surto já atingiu a capital Porto Príncipe. Agravando ainda mais a situação, o país também foi assolado pela passagem do furacão Tomas, que matou 21 pessoas.

Porém, nada disso tem “causas naturais”. O surto de cólera que castiga a população haitiana é uma decorrência direta da política do imperialismo norte-americano, que segue com um imenso contingente de tropas no país, e da ocupação da Minustah, chefiada pelo governo brasileiro de Lula desde 2005. O Haiti, que há cinco anos sofre os efeitos da ocupação foi assolado por um imenso terremoto em janeiro deste ano, que matou milhares de pessoas, e arrasou sua capital. A política dos EUA, da Minustah e da ONU foi de aumentar os efetivos militares e investir em incrementar a repressão sobre o povo. Enquanto isso, a infra-estrutura, precária mesmo antes do terremoto, e reduzida a pó após este, além dos hospitais, escolas e moradias destruídas seguem formando montes de entulhos nas cidades, o que cria as condições para a proliferação de todos os tipos de doenças, gerando uma situação completamente insalubre. A atuação das tropas imperialistas e da Minustah frente ao surto de cólera é mais uma demonstração de que para estes a vida dos haitianos nada vale.

Enquanto o povo haitiano sucumbe na miséria, doença, humilhação e opressão, o governo brasileiro chefiado por Lula, em um de seus últimos atos no poder acaba de aprovar cerca de R$ 10, 1 milhões de indenizações para os familiares de 18 militares que serviram na Minustah. Ao povo haitiano a única coisa que o governo brasileiro dá são mais mortos, mulheres estupradas e repressão a todos que lançados pelo desespero tomam ações que questionam a ordem. Sabe-se que as tropas brasileiras que foram ao Haiti são responsáveis por sangrentos assassinatos em massa, e pela brutal opressão que agrava ainda mais as péssimas condições de vida dos haitianos, que ao contrário do que propaga a imprensa burguesa encontra-se em franca piora desde o início da ocupação em 2005. A reacionária ocupação do Haiti é uma das políticas que será continuidade pela presidente eleita, Dilma Roussef. É preciso acabar com a ocupação do Haiti, reivindicando que toda a ajuda humanitária seja controlada pelas organizações dos trabalhadores e populares.



segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A respeito do InterUnesp, da homofobia na USP e do racismo contra os nordestinos. Espectros do capitalismo em decadência: respondamos à altura!

Por Simone Ishibashi, diretora da revista Estratégia
Internacional Brasil e dirigente da LER-QI
"Até agora, os homens formaram sempre idéias falsas sobre si mesmos, sobre aquilo que são ou deveriam ser. Organizaram as suas relações mútuas em função das representações de Deus, do homem normal, etc., que aceitavam. Estes produtos do seu cérebro acabaram por os dominar; apesar de criadores, inclinaram-se perante as suas próprias criações. Libertemo-los, portanto, das quimeras, das idéias, dos dogmas, dos seres imaginários cujo jugo os faz degenerar."
Marx, A ideologia alemã

Nas últimas semanas as páginas dos jornais foram inundadas com notícias que chocaram amplamente a opinião pública, ou pelo menos um setor desta que conserva o mínimo de razão e humanidade. Primeiro, a contaminação total e completa do debate eleitoral com temas como a religião, transformando discussões que deveriam ser políticas e em torno de direitos democráticos elementares, como o direito ao aborto, em um referendo sobre a religiosidade, que mais bem lembrava a Idade Média. Serra, cujo partido já encampa a “campanha pela vida”, que ao lado da Igreja se lança raivosamente contra o direito ao aborto, aproveitou para bradar em alto e bom som suas reacionárias opiniões sobre o tema. Dilma, para constrangimento de todas as mulheres do país, mergulhou com tudo na onda do obscurantismo e publicou uma vergonhosa carta se comprometendo a “não tomar nenhuma ação que fira a família brasileira”, entre outras declarações do estilo. Algum dos candidatos da burguesia se declarou, aproveitando a presença do “Santíssimo papa” em terras brasileiras em meio ao processo eleitoral, para condenar os escândalos de pedofilia – prática que data dos tempos imemoriais – da Igreja? Para questionar a atuação do papa, que todos sabem ter encoberto com um véu tecido com a mais asquerosa impunidade os padres que por décadas abusaram sexualmente de crianças em países como a Irlanda? Evidentemente, não. Ao contrário, todos rifaram o seu “espírito republicano” em troca do apoio da “imaculada” Igreja.

É com este pano de fundo que em um intervalo curtíssimo de tempo aconteceram o caso de agressão por homofobia a estudantes homossexuais da USP, o infame (para colocar um adjetivo publicável, pois o episódio merece outros impublicáveis para descrevê-lo à altura dos fatos) “rodeio das gordas” no InterUnesp, e após as eleições vieram à tona as declarações de uma estudante de Direito incitando a que se “afogasse” um nordestino e várias outras do mesmo teor. Em um intervalo de alguns dias tivemos diante de nossos olhos o inaceitável e repugnante show de horror condensado do reacionarismo capitalista em doses cavalares: homofobia, machismo e racismo expressados de maneira tal que realmente nos obriga a refletir mais pausadamente sobre o seu conteúdo mais profundo. Enquanto o Tea Party se alça à política norte-americana, com quatro senadores e dezenas de parlamentares, sob o lema “patriotas norte-americanos para retomar o que é nosso,” em nosso país os ventos regressivos sopram nos episódios acima citados. Enquanto nos EUA os direitistas mascaram que os arranha-céus e todas as riquezas norte-americanas emergiram sobre o sangue e o suor dos imigrantes, aqui em São Paulo, cuja construção teria sido impossível não fossem as mãos e a inteligência dos trabalhadores nordestinos, há poeiras de humanidade que clamam pelo seu afogamento! A quê isso corresponde?

Num nível mais imediato vemos que todos os três episódios recentemente ocorridos aqui foram executados por jovens, estudantes universitários (dois deles oriundos das principais universidades do país, a USP e a UNESP), provenientes da classe média. Isso questiona noções fartamente aceitas pelo senso comum segundo o qual estes seriam os setores ilustrados da sociedade e, portanto, os portadores de uma visão mais avançada. Não é de todo chocante que isso ocorra ai, pois de espaços de questionamento à ordem instituída, cada vez mais os planos dos governos para as universidades é transformá-las em centros de formação e reprodução da ordem capitalista. Isso inclui ideologia, valores e comportamentos. Em regra geral, não há, por exemplo, disciplinas que se dediquem a estudar a luta das mulheres ao longo da história. Poucas são dedicadas à trajetória das mobilizações dos negros. Porém, são iniciativas isoladas que obrigam a que se pense mais profundamente a serviço de quê e de quem está a universidade. A transformação desta realidade, a partir do combate pela real democratização da universidade, colocando-a a serviço dos interesses dos trabalhadores, é uma necessidade imperiosa.

De uma perspectiva mais profunda, porém, estas ações correspondem em primeiro lugar à própria decadência da dominação burguesa e do capitalismo, que se faz sentir de maneira cada vez mais aberta no nosso presente imediato. Lênin, em sua famosa obra, O Imperialismo, tratou de demonstrar como a fusão do capital bancário com o capital industrial, transformando-se em capital financeiro, levaria à uma crescente tendência à criação de monopólios. Estes, por sua vez, tornariam as disputas por mercados mais acirradas e violentas. Daí a caracterização famosa de que vivemos em uma época de crises, guerras e revoluções. Só a classe trabalhadora e sua revolução poderiam dar uma saída progressista a esta situação. Porém, a revolução mundial teve sua dinâmica congelada, por uma série de fatores objetivos e subjetivos, o que culminou na restauração burguesa após a ofensiva neoliberal, e varreu, momentaneamente, o horizonte da revolução do imaginário da classe trabalhadora. A isso correspondeu a instauração de uma ideologia baseada no ultra-individualismo e consumismo exacerbado. Portanto, há a adoção de uma ideologia padronizada de comportamento, objetivo e estético, em que a humanidade se realizaria plenamente apenas na sua relação de consumo com as mercadorias. É o fetichismo das mercadorias elevada à sua máxima potência. Entretanto, hoje, a grande questão que se abre é que a crise capitalista mundial, a despeito dos ventos de crescimento econômico (até quando?) do Brasil, demonstra a validade da caracterização de nossa época feita por Lênin. Não é possível mais sustentar a realização humana nas mercadorias adquiridas a crédito. O sistema está se decompondo. E os setores mais reacionários da sociedade já começam a colocar em marcha sua reação ideológica, em doses ainda muito pequenas se comparadas aos anos 30 do século passado, já que a classe trabalhadora ainda não expressou sua força. Vemos isso no Tea Party. Com outras características, vemos isso de maneira menos diretamente política nos episódios de homofobia, racismo e machismo ocorridos nas últimas semanas.

Em segundo lugar há que se partir de que sem o preconceito, a homofobia, o machismo e o racismo, o capitalismo não se sustenta. O motivo é bastante concreto. Tem suas origens na própria acumulação de mais-valia, elemento básico e essencial do funcionamento da lei do valor que rege o capitalismo. A burguesia, para poder ampliar seus lucros, distingue os seres humanos entre várias categorias, alguns valem mais no mercado de trabalho, outros menos. Assim, características físicas, de gênero, de origem nacional e social regulam o valor da mão-de-obra. Se você é mulher, receberá menos pelo mesmo trabalho realizado por um homem. Se for mulher e negra, menos ainda. Se for mulher, negra e nordestina, é provável que o que receberá mal possa ser chamado de salário. E, por qual motivo, se muitas vezes faz o mesmo trabalho que outros que recebem muito mais? É aí que entra a importância dos preconceitos disseminados pela burguesia para sustentar o capitalismo. Por exemplo, a segregação racial nos Estados Unidos só foi abolida em 1964, justamente no momento em que o país abre as portas para a entrada massiva de mão-de-obra estrangeira, sobretudo mexicana. Ainda que o preconceito contra os negros persista, e nunca acabará enquanto houver capitalismo, houve um pacto através das “ações afirmativas”, que só pôde ocorrer por que a burguesia imperialista passou a extrair lucros da mão-de-obra proveniente dos imigrantes latino-americanos e hispânicos. O grande trunfo da burguesia imperialista norte-americana foi assim separar os trabalhadores hispânicos dos trabalhadores negros, impedindo que unissem seu combate ao preconceito em um combate contra a exploração.

De outro prisma, podemos dizer que da mesma maneira que a burguesia não pode explicar sua permanência como classe dominante, num sentido materialista-histórico profundo, pois se isso fosse feito se chegaria à conclusão que seu jugo atual é regressivo e provedor das misérias econômicas, morais e intelectuais que afligem a humanidade, tampouco os preconceitos disseminados pelo capitalismo podem ser apreendidos de acordo com um sentido minimamente coerente. Existem como afirmações apriorísticas, construídas historicamente, para garantir a extração de lucro e atender aos interesses das burguesias na exploração de suas próprias classes trabalhadoras, e no caso das burguesias imperialistas, para justificar o massacre e o espólio sobre os demais povos do mundo. Foi assim com a perseguição do nazismo aos judeus. É assim na perseguição de palestinos pelos israelenses hoje. Os preconceitos legitimam a idéia de que os dominadores são mais humanos que os dominados. De que a dominação não se dá por conta de interesses de uma classe, mas tem origens “naturais”.

Os preconceitos e a opressão acabam tomando vida própria, rompendo as amarras da dominação econômica direta. Não se sabe se os três grupos de indivíduos do caso de homofobia da USP, do “rodeio das gordas” do InterUnesp, e a figura que clama pela morte dos nordestinos são parte da patronal diretamente. Mas o que eles manifestaram não era mera “alienação” juvenil, como muitos poderiam acreditar, mas uma posição inconsciente de classe, que antecipa uma ideologia perigosamente já experimentada na história. Digamos inconsciente porque nenhum deles se declarou abertamente membro de uma organização ultra-direitista. Porém, longe está de ser uma manifestação, condenável decerto, mas que não é para nada inocente.

Os nazistas, não nos esqueçamos, davam aulas em suas universidades sobre como as características físicas dos judeus demonstravam que seriam inferiores e que, portanto, seu extermínio era não só legítimo, mas necessário para que a humanidade se desenvolvesse em base a seus “melhores genes”. Menghele, o odioso médico que chefiou o campo de Aushwitz, realizou milhares de experimentos para alterar as características físicas dos detentos, como por exemplo, injetar tinta azul nos olhos das vítimas, numa tentativa de “arianizar” os que ali estavam. Mas estas lições de bestialidade que só as mais execráveis poeiras de humanidade poderiam executar foram antecedidas por uma preparação ideológica e material de anos a fio. Paralelo ao apoio nas classes médias arruinadas da Alemanha contra as organizações do movimento operário, os nazistas edificaram a ideologia segundo a qual as diferenças não poderiam existir. De que tudo que não seguisse os conceitos determinados pela “beleza e pureza” arianas deveria perecer. De que a superioridade de uns sobre os outros seria natural… Isso justificaria o comportamento de humilhação e opressão em proporções bárbaras de uns sobre outros? Em escala bastante menor, é certo, mas não estaríamos diante da emergência do embrião de uma ideologia similar, adequada às condições históricas atuais?

Trotsky, o grande revolucionário russo, analisando a situação francesa dos anos 30 da década passada, quando o país atravessava uma grave crise econômica, política e social, estando sob a dominação de um governo bonapartista de inspirações fascistas, questionará contundentemente a noção de que as classes médias são por definição os setores moderados e democráticos da sociedade capitalista. “Quando a classe média perde as esperanças é facilmente atacada pela raiva e se dispõe a abandonar-se a medidas das mais extremas. (…) O fascismo unifica e dá armas às massas dispersas; de uma ‘poeira’ de humanidade – segundo nossa expressão – faz destacamentos de combate. Assim dá à pequena-burguesia a ilusão de ser uma força independente. Ela começa a imaginar que, realmente, comandará o Estado. Não há nada de surpreendente em que estas ilusões e esperanças lhe subam à cabeça!”.

Assim, Trotsky dizia que uma parcela da pequena-burguesia se alia ao proletariado, enquanto outra se lança aos braços da burguesia. Evidentemente não estamos em uma situação em que isso ocorra da maneira como Trotsky aqui descreve. A polarização social está ainda longe de atingir um grau que abra este tipo de situação, sobretudo pela ausência de protagonismo da classe trabalhadora. Porém, a crise capitalista internacional segue vigente, e anuncia que estes momentos virão. Sua resolução muito dependerá da capacidade da esquerda de nos momentos preparatórios como o que vivemos, responder aos ensaios reacionários da classe antagônica de maneira contundente. É preciso, portanto, que a esquerda de conjunto se levante contra os episódios ocorridos, de maneira veemente, rompendo os limites da superficialidade, com que a mídia (e no caso da Unesp a própria reitoria) busca retratar tais casos, apesar de ter que condenar tais ações. O que está em jogo é a seriedade com a qual serão encarados os embates do futuro. Lênin, outro gigante da revolução, nunca esqueceu de chamar a atenção da juventude e das massas trabalhadoras para o fato de que a consciência da classe operária – certamente a classe mais prejudicada com o avanço de tais manifestações apodrecidas de vida, como a homofobia, o racismo e o machismo – não pode ser uma consciência política verdadeira, se os operários não estiverem habituados a reagir contra todo abuso, toda manifestação de arbitrariedade, de opressão e de violência, onde quer que se produza, quaisquer que sejam as classes atingidas; e a reagir justamente do ponto de vista revolucionário, e não sob qualquer ponto de vista. Nesse sentido, fazemos coro à pronta nota de repúdio solta pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP) acerca do caso InterUnesp.

A esquerda, a classe trabalhadora, os movimentos de mulheres e de direitos humanos, bem como a juventude, sobretudo das universidades em questão, tem de responder à altura, não apenas punindo os culpados, mas criando um ambiente de completa e resoluta intolerância contra este tipo de manifestação. Colocamos nossos corpos, vozes, força e vontade na mais decidida defesa contra todas as opressões e discriminações!

Ato na Reitoria da USP: AMANHÃ 09/11, ÀS 12H

Boletim do Sintusp
A assembleia realizada na última sexta-feira, dia 5, discutiu sobre a organização e importância do ato unificado que estamos construindo com os companheiros estudantes. Logo pela manhã, a partir das 9h30, todos são chamados para a distribuição de Carta Aberta dirigida aos membros do Conselho Universitário, expondo nossa posição quanto aos temas e exigindo dos próprios conselheiros o debate sobre os temas: estrutura de poder na USP, Inclusp e carreira para técnico-administrativos com toda comunidade uspiana, pois são inadmissíveis que questões de tamanha importância sejam tratadas às costas dos principais interessados.
Fique atento à programação do dia e participe!

Terça, dia 9:
A partir da 9h30: panfletagem nos portões A e B, da reitoria;
12h: concentração e ato unificado, na reitoria.

Fim da Fuvest, Não ao vestibular!

Por uma estatuinte Livre e Soberana!

Por uma carreira construída pelos funcionários!

Retirada de todos os processos contra trabalhadores e estudantes!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

SINTUSP: Moção de Repúdio aos agressores e autores do “Rodeio das Gordas”

Assembléia de Trabalhadoras e Trabalhadores da USP


Nós, trabalhadoras e trabalhadores da USP, reunidos em assembléia no dia 05 de novembro de 2010, repudiamos a realização do chamado “Rodeio das Gordas” no Interunesp deste ano, evento esportivo que reúne todos os campi da UNESP. Este ato, que consistia em “montar” sobre meninas gordas simulando um rodeio, é um ato execrável que devemos repudiar com todas as nossas forças, pois concentra a mais degradante e violenta opressão desta sociedade capitalista em que vivemos.

Não devemos aceitar a imposição de um padrão de beleza, tampouco devemos aceitar a naturalização deste tipo de violência, que ocorre todos os dias, às vezes de forma velada, às vezes de forma absurda – como no “Rodeio das Gordas”. Repudiamos também a Reitoria e as Diretorias da UNESP, que têm “mão firme” com os lutadores, e “mão leve” com os agressores, estando estes últimos até o momento sem nenhuma punição.

O Sindicato de Trabalhadores da USP (Sintusp) se incorpora ao chamado do Diretório Central de Estudantes da UNESP na convocação de um ato para o dia 17 de novembro em frente à Reitoria da Unesp e na realização de um grande Festival Interunesp contra a Opressão nos dias 26 e 27 de novembro.

Punição aos agressores! Por uma comissão independente de investigação!

Não ao “Rodeio das Gordas”! Basta de opressão e violência contra as mulheres!



05 de novembro de 2010

Contra a escravidão das formas! Sobre a juventude e o "rodeio das gordas", Interunesp-2010

Nas universidades públicas de nosso país, nos deparamos com fatos que expressam a degenerescência na qual está se afundando uma parte da juventude. Nos Jogos universitários inter-campi da Unesp, o Interunesp-2010, um grupo de jovens organizou um “rodeio de gordas”, que consistia em simular uma “conversa” para se aproximar de uma garota gorda e depois montá-la como se fosse um gado, e ganharia a competição aquele que conseguisse “montar” a garota por mais tempo.

Na USP, poucos dias antes, um casal de homossexuais foi agredido verbalmente e espancado em uma festa organizada pela Atlética da Escola de Comunicações e Artes (ECA), única e simplesmente por estarem abraçados. Ambos os casos nos fazem lembrar da “brincadeira” do jornal “O Parasita”, de estudantes da Farmácia da USP, que no semestre passado davam ingresso de graça a uma festa àquele que jogasse fezes em homossexuais.

Nas capas de dezenas de jornais no mundo nessa semana todo estampou-se na última segunda-feira: no Brasil elegeu-se a primeira presidente mulher do país. Dilma Rousseff, depois de um operário metalúrgico, uma mulher! Nos EUA, um negro. Na Bolívia, um indígena. Na Argentina, Cristina... Avanços no combate à discriminação, ao preconceito, ao racismo, ao machismo e à homofobia? A corrida eleitoral por votos, intensificada no segundo turno, mostrou que Dilma está convencida a não dar nenhum passo no sentido de avançar com demandas históricas das mulheres e os direitos dos homossexuais. O segundo turno foi uma disputa entre Serra e Dilma pelo posto de “o candidato mais anti-aborto”.

São diversas as formas de violência contra as mulheres e homossexuais em nossa sociedade, e a barbárie desse "rodeio de gordas" é expressão nefasta da naturalização da violência contra as mulheres, um episódio orquestrado com premeditação pela internet, sem que nenhum dos agressores tenha sido punidos até o momento; assim como nada foi feito para punir os agressores uspianos. É essa juventude adestrada pelos valores conservadores, reacionários, e burgueses, que ateia fogo em índios, que espanca empregadas domésticas, que joga calouros ao afogamento, que agride homossexuais e que monta em mulheres como se fossem gado; que “brinca” com a vida dos setores oprimidos da sociedade e que mata. Essa juventude é o exército reservista da burguesia brasileira, os porta-vozes da reação. Este setor da juventude está reproduzindo, acriticamente, uma moral atrasada que só faz jogar a humanidade cada vez mais no atraso. A atividade humana, e suas opiniões ou desejos, não é natural, mas é histórica e, portanto, reflete o nível de desenvolvimento da sociedade, o quanto esta sociedade, tal como está organizada, permite aos indivíduos a sua livre expressão, o exercício da sexualidade, a reflexão sobre as relações sociais que estabelecem, o questionamento que se traduz em práticas que avancem na liberação humana do preconceito e opressão castradores. Para garantir a estabilidade de uma sociedade que oprime, que explora e escraviza milhares de seres humanos é essencial naturalizar a violência e torná-la cotidiana. É essencial ao projeto da burguesia – de manter a humanidade na miséria e escravidão – disciplinar o espírito humano, embrutecê-lo até a estupidez. Na escravidão, os negros e negras eram tratados como animais; em pleno século XXI, mulheres fora do padrão de beleza imposto socialmente são tratadas como touros. Esse o país “desenvolvido” e da “igualdade” que Dilma vai governar.

A criação de um padrão estético imposto às mulheres e a naturalização de sua imagem enquanto um objeto de consumo e prazer para terceiros também fortalece ações como a do InterUnesp. As indústrias de cerveja, como a Skol, um dos patrocinadores desse evento, explora a imagem da mulher na TV como objeto sexual. A mídia burguesa com suas novelas e programas lavam as mentes da sociedade impregnando valores e padrões que sirvam tão somente para o enriquecimento de empresários, o consumo, o adestramento de acordo com a ideologia burguesa e o adoecimento. O controle da sexualidade e dos corpos imposto no capitalismo é responsável também pela proeminência de novas enfermidades, a anorexia, a bulimia, a depressão.

A imposição por parte da classe dominante de papéis sociais considerados como "normais", "naturais" a homens (macho-alfa, chefe de família e heterossexual) e a mulheres (dona de casa, mãe, esposa submissa, heterossexual) autoriza agressões constantes àqueles que subvertem essa ordem de papéis sociais. Não à toa, os e as homossexuais são brutalmente perseguidos como doentes, seres pecaminosos e pervertidos ou diretamente criminosos.

Enquanto um terço das famílias é sustentado unicamente por mulheres, nesse último processo eleitoral, a despeito de que as mulheres tiveram visibilidade, a valorização da família nos discursos dos então presidenciáveis teve destaque, com um apelo voltado a uma família monogâmica nuclear burguesa, com pai provedor, “macho”, viril, a mulher submissa, abnegada e altruísta, e crianças que sejam criadas dentro desses valores. O controle da sexualidade e dos corpos foi tema de destaque nas eleições, contra os direitos das mulheres e dos homossexuais. As vítimas desta política: milhões de seres humanos oprimidos, humilhados, reprimidos e explorados todos os dias.

Na Unesp, as reitorias e diretorias locais, em casos de assédios, estupros e agressões, já mostraram que não estão dispostas a romper com a lógica social corrente de opressão às mulheres e aos homossexuais deixando impunes os agressores. Da mesma maneira, Serra/PSDB e Dilma/PT, com o empurrão de Marina Silva e Cia. religiosa, ergueram um altar eleitoral sobre o sangue de milhões de mulheres que realizam abortos clandestinos, enquanto os corruptos e padres e bispos pedófilos gozam de impunidade. Dilma venceu o tucano paulista. Uma mulher, a primeira presidenta do Brasil, que vai governar para os ricos e desferir ataques aos direitos sociais, como já sinalizado que em seu governo irá atacar a previdência social. Hoje milhões de pessoas, jovens e trabalhadores na França vão às ruas para lutar contra a reforma da previdência que inclui a extensão da idade de aposentadoria, nos mostrando que é possível e é preciso lutar em defesa dos nossos direitos.

A juventude francesa deve nos inspirar não somente para lutar contra os ataques futuros, que agravam a condição de exploração dos oprimidos, mas para hoje colocar de pé uma ampla campanha contra a violência para que na Unesp, e em diversas universidades de todo país, todos saibam que na universidade onde a juventude reacionária que fez o rodeio das gordas, estudantes homens e mulheres se organizaram e expulsaram os agressores da Universidade. É preciso desde já, nos colocar intransigentemente contra humilhações e violências aberrantes. A inflexibilidade a casos como estes e uma ação decidida irá nos fortalecer para lutar para combater e transformar pela raiz a opressão das mulheres, para lutar pela revolução socialista e pelo fim da propriedade privada, rumo a verdadeira emancipação da humanidade.

Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas, colocamos nossas forças, para junto do Diretório Central dos Estudantes da Unesp, dos Centros Acadêmicos, e de centenas e milhares de estudantes, organizar um grande festival cultural e político, como parte de uma campanha contra o controle do corpo e da sexualidade e contra a violência às mulheres.

Pela expulsão imediata de todos agressores e seus cúmplices! Por comissões de estudantes e trabalhadores de apuração dos casos independentes das reitorias e da polícia!

Por uma ampla campanha contra o controle do corpo e da sexualidade! Basta de violência às mulheres e homossexuais!


Pão e Rosas participa de ato contra a homofobia na USP



Diana Assunção, da Secretaria de Mulheres do Sindicato de Trabalhadores da USP
Jennifer Tristán, do Bloco ANEL às Ruas e do Diretório Acadêmico da FAFIL na Fundação Santo André
Veja matéria do G1 sobre o ato.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Adunesp repudia preconceito e discriminação

Adunesp S. Sindical
Os fatos ocorridos durante os jogos universitários realizados em Araraquara, o InterUnesp, de 9 a 12 de outubro, merecem reflexão e posicionamento por parte da comunidade acadêmica e da sociedade. A conduta de um grupo de alunos, que organizaram um “rodeio” para conferir quem conseguiria ficar mais tempo “montado” em colegas obesas, exige um debate mais amplo.

Naturalmente, não se trata de conferir sensacionalismo ao caso, como vem fazendo parte da imprensa, sempre pronta a lucrar com a tragédia humana, nem de estabelecer um processo inquisitorial contra os autores. O que se deseja é extrair do fato a necessária reflexão, que contribua para que nunca mais ocorra nada sequer semelhante.

O que houve em Araraquara, longe de uma simples “brincadeira”, como procuram caracterizar seus autores, foi uma agressão à mulher e, também, à dignidade humana. O que houve foi violência física e psicológica, assédio moral, discriminação e preconceito. Se tudo isso é considerado inaceitável na sociedade em geral, mais ainda o deveria ser numa instituição que se julga a vanguarda do conhecimento e da democracia no país, na qual deveriam ser formados cidadãos críticos e progressistas.

Não podemos, em absoluto, banalizar o acontecimento, sob pena de que atos de violência contra minorias – sociais, políticas, étnico-raciais, religiosas, culturais, sexuais ­– sejam vistos com naturalidade. O “rodeio” humano de Araraquara, as agressões contra indígenas ou moradores de rua, contra mulheres e homossexuais... são fatos que guardam proximidade e florescem entre filhos da classe média.

A insensibilidade diante da dor do outro e o desejo inconsciente de eliminar os considerados frágeis ou, simplesmente, diferentes, refletem comportamentos que levaram, historicamente, a movimentos xenófobos e a extremos como o fascismo e o nazismo. Uma educação mais humanitária, por certo, ajudaria estes jovens a refletirem mais sobre a dor alheia.

A capacidade de nos indignarmos contra a opressão, em qualquer âmbito da vida em que ocorra, é um tesouro do qual não podemos abrir mão. É com ela que devemos contar para barrar os ataques à nossa prática docente, o produtivismo exacerbado que campeia na universidade pública, as pressões privatistas e a busca da saída individual diante das más condições salariais e de trabalho, entre outros.

Como diz a célebre poesia... “na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim...pisam as flores... roubam-nos a lua...arrancam-nos a voz da garganta... e não dizemos nada?”.