terça-feira, 29 de setembro de 2009

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Abaixo o golpe em Honduras! Que o sangue derramado não seja negociado!

Há quase três meses se deu o golpe em Honduras e na última semana ganhou ainda mais peso a repressão ao povo hondurenho que segue resistindo bravamente. Com uma economia extremamente dependente do imperialismo dos Estados Unidos e aparecendo como o terceiro país mais pobre da América Latina, o país é cenário do primeiro golpe militar desde que se abriu a crise capitalista internacional.

O governo golpista de Micheletti está numa ofensiva direitista que expressa seu caráter pró-imperialista. Zelaya, até então presidente de Honduras, desagradava os setores mais reacionários da burguesia hondurenha ao aproximar-se dos governos de Hugo Chávez e Evo Morales, ao mesmo tempo em que fazia algumas concessões aos trabalhadores como um pequeno aumento salarial. O governo golpista apóia-se nas Forças Armadas que, por sua vez, tem relações com nada menos que o Pentágono. Micheletti conta ainda com o apoio do Poder Judiciário e Legislativo, além da própria Igreja.

Os golpes militares trazem à tona as ações mais brutais contra os trabalhadores e as massas. Para se ter uma idéia, somente nas cinco primeiras semanas após o golpe, registraram-se mais de mil casos de violação dos direitos humanos, incluindo estupros, torturas e assassinatos.

Enquanto isso, os Estados Unidos e a OEA lançaram uma política de negociação com os golpistas, o que permitiu que estes permanecessem no governo e fortalecessem suas posições. Enquanto todos os dias dezenas de milhares de pessoas tomam as ruas para resistir ao golpe, acumulam-se desaparecimentos, prisões, estupros e assassinatos, Zelaya atua com a política de negociação, apoiada também por Hugo Chávez e o bloco da ALBA, mantendo-se nos marcos da diplomacia internacional. Por isso nós dizemos com todas as nossas forças: que o sangue derramado não seja negociado! A saída deve se dar pela luta direta do povo hondurenho armado contra as forças de repressão e com uma forte greve geral até derrotar o governo golpista.

Jornal do Pão e Rosas - setembro de 2009
(Clique aqui para vizualizar em PDF.)

Denunciamos ainda que não se pode ter nenhuma ilusão nas eleições convocadas para o final de novembro, tendo em vista que são eleições forjadas pelas mesmas mãos que prendem, torturam e matam o povo hondurenho. Por isso, é preciso boicotar ativamente essas eleições e repudiar enormemente qualquer tipo de desvio que a burguesia e o imperialismo tentem implementar. Os golpistas terão que ser punidos por todas as violações aos direitos humanos dos quais são responsáveis! E também somente a luta das massas hondurenhas poderá impor essa medida.

Em nosso último jornal, destacávamos o papel das mulheres na luta contra os golpistas. A frente Feministas em Resistência expressa o papel combativo que as mulheres vêm cumprindo, além de denunciar as atrocidades a que estão submetidas as hondurenhas frente ao golpe. Desde o Pão e Rosas da Argentina, Brasil e Chile, temos prestado nossa solidariedade às mulheres e ao povo hondurenho com ações nas embaixadas e campanhas internacionalistas. Entendemos que o golpe em Honduras é um fato que deve não apenas comover a população da América Latina, mas principalmente fazer mobilizar os trabalhadores, estudantes e a juventude em cada país, a partir de ações que devem ser convocadas prontamente pela esquerda, organizações políticas, sindicatos, movimentos feministas, organizações de direitos humanos, rompendo a rotina e fazendo concreta a afirmação: Honduras, escuta! Sua luta é nossa luta!

O governo Lula ganhou destaque no cenário internacional nesta semana, ao dar abrigo a Zelaya na embaixada brasileira em Honduras. Longe de uma defesa do povo hondurenho contra a repressão dos golpistas, a atitude de Lula vai no sentido de tentar forçar uma negociação com os golpistas e expressa ainda uma tentativa de que Lula se re-localize como mediador no continente, ao mesmo tempo em que neutraliza Chávez como liderança regional, já que o papel deste limitou-se a declarações defendendo a necessidade de negociação.
Sabendo da presença de Zelaya em Honduras, dezenas de milhares saíram às ruas novamente, dessa vez cercando a embaixada e enfrentando uma dura repressão da polícia e do exército. Calculam-se centenas de prisões e pelo menos 12 mortes. Após o anúncio do toque de recolher, a repressão deu um salto, que está sendo respondida com a resistência de milhares, formando barricadas para o enfrentamento. Os golpistas mostram sua ofensiva com prisões clandestinas, sendo que muitas das pessoas presas são retiradas de suas casas e hospitais. As casas estão sendo invadidas, nas ruas homens encapuzados e armados são figuras da repressão.

Por isso, saímos às ruas para dizer com todas as nossas forças: SOMOS TODAS HONDURENHAS! Pela derrota do golpe, estamos com a ação das massas hondurenhas e contra qualquer política de negociação com os golpistas. Coloquemos de pé uma ampla campanha de solidariedade internacional, em defesa dos trabalhadores, camponeses e setores populares de Honduras.

O jornal do Pão e Rosas tem um espaço que é seu!

Abrimos as páginas do nosso jornal para as mulheres trabalhadoras em luta, para aquelas que sofrem assédio moral em seus locais de trabalho, para as estudantes, para as mulheres desempregadas e donas de casa... para todas que são oprimidas e exploradas e querem fazer escutar as suas vozes na luta contra esse sistema capitalista! Mande seu depoimento, texto, comentário, denúncia, relato, entrevista, poema para o email paoerosasbr@gmail.com

Femicídios em Curitiba
“No alvo, a mulher - em média 3 mulheres são assassinadas por semana em Curitiba e região”, esse foi o título da matéria que recentemente saiu no principal jornal de Curitiba. A partir dele e a necessária legalização do aborto, podemos questionar: qual a relação entre os assassinatos, a clandestinidade do aborto e o alto índice de mortalidade materna? Os principais fatores de agressão às mulheres, como já conhecemos, continuam a ocorrer inclusive as complicações por abortamento inseguro. Em Curitiba a maioria dos casos são apontados como violência doméstica e/ou envolvimento com drogas, as mortes com arma de fogo é de maior ocorrência. A cada 15 segundos uma mulher é espancada. Dados nacionais atuais mostram que houve um aumento de 50%, em relação ao ano passado, de mulheres que foram assassinadas com idade superior aos 30 anos. Além disso, as complicações por abortamento inseguro são a quarta maior causa de mortes no Brasil. O CAF (Coletivo de Ação Feminista de Curitiba) acredita que a relação entre as violências está ligada a construção social baseada em moldes masculinos, que através da publicidade utiliza símbolos para manter mulheres numa posição subordinada e de reprodução vinculada ao espaço doméstico, excluindo suas necessidades urgentes como o aborto. Destacamos a reivindicação pelo uso do termo “femicídio” o que indica a forte masculinização no crime. Sabemos da ocorrência de clínicas abortivas tidas como clandestinas em Curitiba, em que as mulheres a procura de ajuda e passam por uma longa espera até serem atendidas, resultando muitas vezes em forte automedicação. O aborto não é apenas um problema nacional, mas também regional. Procurar viver como se deseja, seguir seus projetos e ter integridade física e mental acaba por representar uma batalha individual para muitas de nós, mas o Movimento Feminista nos mostra a importância de fazer essa luta em conjunto e reconhecer politicamente os problemas que nos atingem. Por isso, a forte fomentação pela legalização do aborto é de extrema necessidade e urgência.
CAF - Coletivo de Ação Feminista de Curitiba. Jovens feministas buscando se organizar e pensar questões de GÊNERO, PATRIARCADO e OPRESSÃO acaofeminista@gmail.com


Direito ao aborto
Falar do direito ao aborto é manifestar o direito a vida e a sexualidade da mulher. Se pensarmos na formação sócio-cultural brasileira, vinculada a moral católica burguesa, entendemos que foi negado o direito às mulheres de viverem a sua sexualidade. Sonhos e projetos de vida, engavetados ou sufocados numa futura maternidade indesejada, sob o mito da “essência materna, existente em todas as mulheres”. Na realidade, a trajetória socioeconômica, das mulheres brasileiras, marginalizadas pela pobreza, raça, analfabetismo e tantas outras questões, desmentem esse mito de essência feminina. Se pensarmos a repressão da sexualidade feminina numa dimensão geopolítica, enxergamos as mulheres da região norte e nordeste do Brasil, com a sexualidade negada desde a infância, sob o histórico domínio do latifúndio rural. A mídia brasileira estampa casos de horror: de crianças, adolescentes e mulheres, vítimas fatais de abortos clandestinos, provenientes de fecundação imposta pela violência sexual contra a mulher. Defender a descriminalização ao aborto é contribuir com a construção de uma sociabilidade, pautada no respeito ao gênero humano feminino. A campanha moral ideológica contra a descriminalização do aborto é pautada em um discurso de “direito à vida”, a pergunta é qual vida? Quais vidas tem sido ceifadas ao longo da história brasileira, perdidas nessa concentração de renda? Quantas mulheres tem sido vítimas de abortos clandestinos, sem a menor proteção a sua saúde, sem a menor responsabilização do poder público? Os fatos sociais são abafados, relegados a assunto privado familiar: ou foi a adolescente que mãe não educou, ou foi a mulher desprevenida, ou foi a pobre vítima de um abuso sexual, mas que a “vida futura não deve ser colocada em jogo”. Ao final desse discurso moral sobra a culpa para o gênero feminino, responsabilizado como criminoso em potencial. A luta pelo direito ao aborto pertence a todos nós que queiramos construir uma nova sociabilidade, pautada no respeito ao gênero humano e à vida segura, com possibilidade de escolhas conscientes, construída em condições socioeconômica que propicie a vida.
Clara Angélica de Almeida Santos Bezerra. Professora de Serviço Social da Universidade Tiradentes, Aracaju-Sergipe

“Enquanto existir a sociedade capitalista, a nossa tarefa não acabou”

Por Aline, Pão e Rosas Araraquara

Eu, Aline, estudante de Letras da UNESP de Araraquara e militante do grupo de mulheres Pão e Rosas, gostaria de dar um informe sobre o que eu venho observando aqui no campus da UNESP de Araraquara.

Bom, as coisas estão demasiado críticas. Além dos casos de assédio sexual e moral também ocorreu – na madrugada do último domingo – um incêndio no bloco de moradia no qual residem as duas estudantes que foram assediadas. Por uma incrível sorte, ninguém ficou ferido. Passamos, essa semana, um abaixo-assinado para anexar à exigência de expulsão do estudante que assediou as moradoras. Conseguimos mais de 550 (quinhentas e cinqüenta) assinaturas. Só isso, entretanto, não basta.

Enquanto militante do grupo de mulheres Pão e Rosas, eu acredito que somente um número considerável de assinaturas não baste. Cabe a nós criarmos um espaço de discussão sobre assédio sexual e focá-lo não no caso pontual que ocorreu aqui em Araraquara, mas no painel social e político no qual está incluída a opressão contra a mulher: a sociedade capitalista que usa de todas as vias possíveis pra explorar e oprimir trabalhadores e povo pobre.

Sou militante do Pão e Rosas porque acredito ser mais que fundamental na abordagem do feminismo uma perspectiva militante e classista. Nesse mote, não me permito contentar apenas com assinaturas. Enquanto houver mulheres que calam, que são alheias à opressão que sofrem, que se furtam à discussão política e que oprimem, não acredito finda a nossa tarefa. Em suma, enquanto existir a sociedade capitalista, a nossa tarefa não acabou. Afinal, existem mulheres que calam porque existe a polícia que oprime; mulheres inconscientes porque tudo o que faz está alienado desde o princípio; existem mulheres que não discutem política porque não acreditam e defendem o próprio espaço; mulheres que oprimem porque sempre existiu alguém pra dizer “Não!”. Desta vez, tomemos pra nós o nosso “Não!”. Não, não vou mais calar! Não, não vou mais tolerar violência contra a mulher! Não, basta de capitalistas! Não, “chega de dor, quero glórias”!

Abaixo a repressão em Kraft- Terrabusi! Todo apoio à luta dos trabalhadores e trabalhadoras!

por Lívia Barbosa e Bruna Bastos – Pão e Rosas Franca

Após pouco mais de um mês de intensa luta em Pacheco, Argentina, as trabalhadoras e trabalhadores da maior fábrica alimentícia do país seguem resistindo à crescente repressão patronal e policial, assim como a intensa campanha midiática contra seu elementar direito de organização.

A Kraft- Terrabusi, gigante multinacional e principal monopólio alimentício americano que conta com a exploração de 2.600 operários e operárias nessa unidade argentina, tem atacado brutalmente nossos companheiros desde a demissão de 160 trabalhadores, dos quais em sua maioria eram delegados e representantes sindicais. Essa repugnante atitude da patronal americana, que deixa claro o seu objetivo de acabar com a organização sindical dos trabalhadores, tem sido amplamente apoiada pelos setores que defendem com unhas e dentes a propriedade privada e a exploração capitalista, como o governo local, a polícia e a mídia burguesa. Além da militarização que se acirra dentro da fábrica, ordenada pelo governo, os lutadores da Kraft-Terrabusi tem tido ainda que enfrentar a ampla campanha da mídia reacionária fazendo coro com o empresariado argentino, que chega a condenar a greve e mobilização dos trabalhadores como “ilegal” e “ameaçadora à paz social”.

Mas o movimento operário respondeu à altura! Há aproximadamente 40 dias, trabalhadoras e trabalhadores demitidos e não demitidos se unificaram na luta, e foram capazes de parar a fábrica durante todo esse período, cortando as principais avenidas, com o amplo apoio de estudantes e principalmente da Comissão de Mulheres criada no interior da fábrica. A comissão de Mulheres, composta por trabalhadores, familiares e mulheres da comunidade, tem sido um dos principais alicerces dessa heróica batalha, mostrando que nós mulheres temos um imenso potencial e enorme responsabilidade na luta contra essa ordem capitalista que nos é colocada!
Por isso, nós do grupo de mulheres Pão e Rosa Brasil redobramos nossa solidariedade aos nossos companheiros e companheiras argentinos, e exigimos a imediata retirada da forças policiais do interior da fábrica!!! Pelo direito elementar de organização sindical e mobilização dos operários e pelo fim da repressão patronal!!! Saudações de luta às mulheres, trabalhadoras, trabalhadores e familiares da Kraft- Terrabusi!!!

Sobre a luta em Terrabussi-Kraft
Gostaria de compartilhar minha preocupação pelas trabalhadoras e trabalhadores que estão neste momento dentro da fábrica, invadida pela polícia. Em dezembro de 2008 entrevistei María Tereza Rosario, liderança sindical da fábrica Terrabussi-Kraft, conheci sua luta pelos direitos de trabalhadores e trabalhadoras e sua história é um capítulo de minha tese de doutorado, defendida há apenas duas semanas. Hoje cedo recebi uma ligação da Argentina, minha irmã queria que soubesse que nestas horas María Tereza está dentro da fábrica, que foram reprimidos, e a família está com medo do que possa acontecer. Considero que deveríamos fazer algum tipo de ação conjunta, aqui a Kraft Foods também comprou empresas nacionais, também explora. Deveríamos atingi-la onde mais sente, boicotar a compra de produtos, na Argentina, no Brasil, onde Pão e Rosas existir, no mundo! Antes que ela passe a decidir quem come, o que, como, quando, e onde.
Adriana Bogado (Dra em Sociologia, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar e Pesquisadora do grupo “Terra, Trabalho, Memória e Migrações” - Diretório CNPq)

Na luta contra a opressão das mulheres e pela democratização da universidade, não estamos nem com Suely Vilela nem com nenhum dos reitoráveis!

Por Luciana Machado, estudante da Letras e integrante do Pão e Rosas

Suely Vilela ajudou a escancarar ainda mais a estrutura de poder totalmente antidemocrática dessa universidade. Além de ter prosseguido com o projeto privatizante do governo para a USP, apresentou, no último semestre, a sua cara mais nefasta. Demissão – inconstitucional – de um dirigente sindical, Claudionor Brandão; sindicâncias e processos judiciais contra trabalhadores, estudantes e professores ativistas; retirada de espaços estudantis; implementação da UNIVESP para cursos de licenciatura (onde estudam, na maior parte, mulheres); e, para fechar com chave de ouro, a utilização da repressão policial dentro do campus como não se via desde a ditadura militar, no dia 9 de junho desse ano.

Além disso, sabemos que o fato de termos uma reitora mulher não muda em nada a opressão a nós mulheres e aos homossexuais dentro da universidade. Sabemos de denúncias de assédios sexuais a estudantes na moradia e no campus. Vemos a truculência e o machismo da guarda universitária – comandada pela reitoria; ou então os vários casos da guarda reprimindo casais de homossexuais por se beijarem em público. Vemos ainda uma disparidade enorme entre os professores, dos quais apenas 35,8% são mulheres, segundo o anuário estatístico da USP. E qual a função dentro da universidade ocupada majoritariamente por mulheres, principalmente negras? A terceirização, trabalho semi-escravo, salário miserável, e assédios morais e sexuais; e à qual a magnífica reitora aumentou a destinação de verbas em 45% em relação a 2008.

Diante de tais evidências, acreditamos que não basta que possamos escolher o reitor por via de eleições diretas, como alguns setores do movimento colocam. O problema não é o REI que assume a cadeira, e sim a MONARQUIA que está instaurada! É essa estrutura que vigora que permite que os estudantes e trabalhadores dessa universidade sejam totalmente excluídos na hora das decisões, e que sejamos atacados quando nos manifestamos.

Por isso precisamos apoiar a anti-candidatura de Chico de Oliveira, impulsionada por trabalhadores, estudantes e professores da USP que colocam a necessidade do boicote ativo ao processo eleitoral espúrio que é chamado pela reitoria como se nada tivesse acontecido no primeiro semestre! Que coloquemos abaixo o Conselho Universitário e convoquemos uma estatuinte livre e soberana para que toda a comunidade universitária possa decidir como será o governo da universidade e suas prioridades! Que façamos uma forte campanha contra a terceirização e pela incorporação de todos os trabalhadores sem concurso! E, como medida elementar, que impulsionemos uma forte campanha contra a repressão, pela reintegração de Brandão e retirada de todos os processos a estudantes e trabalhadores; pois não podemos lutar pela democracia se os nossos direitos mais elementares, o de nos manifestarmos, não forem resguardados. E queremos nos colocar ao lado dos estudantes e trabalhadores por uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo. Abaixo à repressão! Democracia na USP já!

América Latina: Meia dúzia de mulheres no poder...

Cinco mil mulheres mortas por abortos clandestinos a cada ano
por Rita Frau, professora da rede estadual de SP, Pão e Rosas Campinas

Chegamos ao dia 28 de setembro, Dia Latino Americano e Caribenho pelo direito ao aborto, em um contexto de crise econômica mundial que para além das demissões e ataques aos direitos dos trabalhadores, vemos a ofensiva de setores da direita ligados à burguesia imperialista na América Latina, como o golpe de Honduras que impõe uma dura repressão com apoio da Igreja. E não para por aí! Na Argentina, a polícia reprime a mando do governo local e da patronal os trabalhadores da empresa multinacional Kraft-Terrabusi. Repressão que se dá sob o governo de Cristina Kirchner, o que expressa uma vez mais que meia dúzia de mulheres no poder não garantem pra nada os direitos das mulheres e dos trabalhadores.

No Brasil, acompanhamos semanalmente a violência policial racista nas periferias e favelas das grandes cidades, como a morte de uma adolescente na favela de Heliópolis em SP, o estupro de uma garota da favela do RJ em mais uma operação violenta do BOPE, o caso do racismo dos seguranças da rede Carrefour contra um trabalhador da USP e o assassinato de um companheiro do MST no RS. Além de assistirmos mais uma vez o governo Lula salvando os corruptos, lavando a cara de Sarney e do Senado, enquanto aumenta a perseguição às mulheres que praticam aborto clandestino.

O período de pré-eleição no Brasil nos apresenta duas mulheres na disputa presidencial, o que para muitas pessoas, pode parecer um grande avanço, mas é impossível não reconhecermos que mulheres ocupando cadeiras no poder da democracia que atende apenas os interesses dos ricos, nada significam para a emancipação das mulheres. Dilma Roussef, de um lado, defende timidamente a legalização do aborto, dizendo que o presidente Lula é um grande exemplo ao afirmar que esta é uma questão de saúde pública. Mas ao mesmo tempo, este governo deixa de investir na saúde e educação e libera milhões para salvar banqueiros e empresários da crise. Recentemente, parte das mulheres do PT exigiram que os deputados Luis Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC), deviam ser expulsos do partido por organizarem a Frente Parlamentar Pró-Vida. Esta frente defende a criação da CPI do aborto, contrariando uma resolução do próprio PT favorável ao aborto. O PT de Lula, e de olho nas eleições de 2010, faz demagogia com as mulheres, punindo esses deputados, enquanto um aborto legal, seguro e gratuito segue sendo negado por este mesmo governo. E ainda assina um acordo com o Vaticano, o qual dentre uma das medidas, propõem a instituição do ensino religioso nas escolas públicas, mas sequer oferece educação sexual, deixando as jovens sem orientações sobre as melhores formas de exercerem seguramente sua sexualidade e decidirem sobre seu corpo. Do outro lado, Marina Silva, candidata pelo PV (Partido Verde), propõe para o tema do aborto um plebiscito nacional, tentando aparecer como democrática. Entretanto, um plebiscito nesse caso significa dizer que as mulheres não podem decidir sobre seus corpos, tendo que submeter-se a uma decisão de toda a sociedade, o que inclui até os setores mais reacionários da burguesia e da Igreja.

Pelo direito a decidir sobre nossos corpos

Apesar da pressão social que as mulheres sofrem com o discurso de que a maternidade é sua realização máxima, mulheres trabalhadoras são coagidas em seus locais de trabalho para não engravidarem, para que os patrões não arquem com licença maternidade e outros direitos. Além disso, vimos recentemente o caso emblemático de Manuela que teve a prescrição médica escrita em seu braço e foi encaminhada para outro local onde descobriu que seu filho já estava morto, num exemplo brutal de como o direito à maternidade, contraditoriamente, também nos é arrancado.

Pesquisas mostram que o número de abortos clandestinos realizados no Brasil chegam a quase 1 milhão por ano, sendo a 4ª causa de morte entre as mulheres, que na sua maioria são pobres e negras. E de acordo com o Ministério da Saúde, 50% dos abortos clandestinos são realizados pelas próprias mulheres em condições insalubres, sem higiene, por não terem condição de pagar os altos valores cobrados nas clínicas clandestinas, sendo o aborto mais uma mercadoria do sistema capitalista.

Como parte de uma ofensiva reacionária, mais de 1000 mulheres foram indiciadas no MS por realizarem abortos clandestinos, e algumas delas punidas com uma pena alternativa em creches. Há poucos meses, vimos um bispo afirmar que o “aborto era um crime maior que o estupro”, no caso de Olinda. Além disso, a 3ª Marcha Nacional da Cidadania pela Vida, realizada em Brasília no último 30 de agosto, foi vergonhosamente financiada pelo governo. E em 2010, o Brasil será palco do 2° Encontro Mundial pelo Direito a Vida, por ser considerado um exemplo no combate ao aborto. Frente a isso, é fundamental fortalecer e ampliar a frente única em defesa desse direito elementar. As mulheres não podem continuar morrendo!

Acreditamos ser de extrema importância unir nossas vozes e forças em ações comuns concretas como será o ato no dia 28/09 na Praça da Sé em São Paulo. Ainda assim não assinamos o manifesto da Frente Pelo Fim Da Criminalização Das Mulheres e pela Legalização do Aborto, pois não concordamos com a estratégia defendida no manifesto, que ressalta a construção de um mundo justo e fraterno, na defesa da cidadania das mulheres e a luta pela democracia... que hoje nada mais é do que a democracia dos ricos. Acreditamos que a luta pelos direitos das mulheres deve nos levar a um questionamento maior do sistema em que vivemos, entrando em choque com suas instituições e entendendo que se trata de uma luta maior, uma luta contra o capitalismo. Por tudo isso, chamamos todas as mulheres trabalhadoras efetivas e terceirizadas, donas de casa, estudantes, Movimento Mulheres em Lutas e o PSTU, ANEL, entidades estudantis, mulheres do PSOL que começam a questionar o projeto de seu partido e admiravelmente travaram uma luta importante contra a posição reacionária de Heloísa Helena contra o direito ao aborto, sindicatos, movimentos de direitos humanos, organizações políticas e grupos feministas a formarmos um bloco classista e anti-governista no ato do dia 28/09, denunciando o papel do governo Lula nos ataques às mulheres e à classe trabalhadora, lutando pelos direitos das mulheres e contra essa sociedade de opressão e exploração.

Nós do Pão e Rosas da Argentina, Brasil e Chile colocamos de pé a Campanha Latino Americana pelo Direito ao Aborto e chamamos a impulsionar a mais ampla unidade e mobilização nas ruas de todo o continente, de maneira independente da Igreja e do Estado, para exigir:

Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos!
Basta de criminalização das mulheres!
Educação sexual no ensino público, para decidir!
Anticoncepcionais e contraceptivos de qualidade e gratuitos para não engravidar!
Aborto livre, legal, seguro e gratuito para não morrer!


Motivos para aderir à Campanha Latino-Americana pelo Direito ao Aborto


Sobre nossos corpos se impõem a direita e a Igreja, e assim como as mulheres hondurenhas, é preciso nos organizar para dizer um BASTA as mortes e a repressão às mulheres
Falar hoje sobre direitos das mulheres, sobre o direito ao aborto é falar de como se sobrepõem sobre os corpos das mulheres da América Latina a direita e a Igreja, nos impondo com a ilegalidade do aborto graves seqüelas a nossa saúde e o risco de morte, como milhares de mulheres morrem, mas isso pouco se fala. Falar sobre direitos democráticos hoje é também olhar para a situação em Honduras, onde a direita com ajuda da Igreja impõem uma ditadura sobre nossas irmãs e irmãos hondurenhos que bravamente resistem ao golpe instaurado neste país desde 28 de julho. É preciso que as mulheres de toda a América Latina se unam para gritar em uma só voz: Basta de mortes por abortos clandestinos! E, pelas mulheres e homens hondurenhos gritar: Abaixo o golpe em Honduras!
Clarissa Menezes, assistente social, mestranda em Saúde Coletiva na UFRJ e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas

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DIREITO A SAUDE PLENA! LEGALIZAÇÃO DO ABORTO JÁ!
A mulher tem de ter o direito de decidir se quer ou não o filho e se não é o momento não está preparada, tem que ter lei que a ampare.Nós mulheres não reivindicamos o aborto pelo aborto simplesmente, é certo que a educação sexual tem de começar da infância e fazer parte do currículo escolar, para que as mulheres não sejam obrigadas a se mutilarem, não só isso como os homens principalmente precisam ter tão cedo a educação sexual, a ponto de utilizar a camisa de Vênus para a proteção dele e de sua parceira evitando assim uma gravidez indesejada bem como as doenças. O governo tem de repassar os impostos e investir em saúde pública de verdade, a mulher que opitou por escolher o aborto tem de ter todo o atendimento através do SUS e saír com sua saude ilesa.Direito á mulher e livre escolha sobre seu corpo. Parem de privatizar a saúde, aprovação já da lei pela legalização do aborto.
Dinizete Xavier, trabalhadora do Centro de Saúde Escola Butantã da USP e integrante do Pão e Rosas

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"É uma necessidade premente para a luta das mulheres a
campanha impulsionada pelo Pão e Rosas
"
Ao coletivo Pão e Rosas. A campanha impulsionada pelo coletivo Pão e Rosas pelo direito ao aborto no Continente Latino americano se traduz em uma necessidade premente para a luta das mulheres. A situação de risco e penalização em que os abortos são praticados têm ocasionado um alto índice de mulheres que morrem a cada ano. Essas mulheres em sua esmagadora maioria são jovens, adolescentes, trabalhadoras e pobres. A luta pelo direito ao aborto na América Latina deve ser reconhecida e fortalecida, posto que os ataques contra o direito democrático elementar de poder decidir sobre nossos corpos historicamente vêm dos setores reacionários, retrógrados, de direita e da igreja obscurantista. Como se isso não bastasse vários governos que se auto-denominam progressistas têm se colocado contra o direito ao aborto, situação que tende a se agravar mediante a crise internacional do capital, com maior desemprego e empobrecimento das trabalhadoras. Dia 28/09 ê uma referência do dia continental de luta pela legalização do aborto que deve se traduzir em uma campanha permanente, um grande abraço da
Beatriz Abramides - professora do curso de Serviço Social da PUC-SP e diretora da APROPUC

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O aborto, tornado um ato clandestino, é um massacre contra mulheres pobres”
A estatística denuncia que o câncer de mama atinge de forma mais letal às mulheres pobres, analfabetas e não brancas. A mesma coisa com relação à assistência ginecológica. O aborto, tornado um ato clandestino e de alto risco pelo governo é um massacre contra essa mesma ampla camada de mulheres pobres. É importante que todos nós da área de saúde nos somemos ao ato do dia 28 de setembro, dia latino-americano pelo direito ao aborto e que ele seja tomado como parte da Campanha Latino-Americana pelo Direito ao Aborto. Minhas saudações ao Pão e Rosas! A nossa luta é necessária para afirmar direitos confiscados à mulher trabalhadora, dentre eles assistência médica, orientação sexual, anticoncepcionais de qualidade para não engravidar e aborto legal, livre, seguro e gratuito para não morrer!
Gilson Dantas, médico e doutor em sociologia pela UnB

28 de setembro. Dia de Luta pelo Direito ao Aborto na América Latina. 3 meses do golpe em Honduras.

É preciso dizer um basta às mortes de mulheres por abortos clandestinos. A situação de risco à saúde e diante da criminalização da prática do aborto levam milhares de mulheres à morte todos os anos. Essas mulheres que morrem são em sua maioria jovens, trabalhadoras, pobres e dentre as que mais morrem no Brasil, negras. A luta pelo direito ao aborto deve ser fortalecida a cada dia, principalmente agora em que a direita junto com a Igreja se coloca na ofensiva nos ataques contra direitos democráticos elementares como o de decidir sobre nossos corpos ou como no caso de Honduras submetendo todo o povo a um governo golpista que vem recrudescendo a repressão aos que resistem ao golpe, sendo as mulheres um importante setor na linha de frente da resistência ao golpe. Além disso, vários governos que se dizem progressistas, e mesmo diante do governo Lula/PT, sob um partido em que as mulheres sempre reivindicaram o direito ao aborto, nada fez para mudar a situação de penúria, miséria e mortes de milhões de mulheres e diante da crise capitalista que vivemos a situação das mulheres trabalhadoras e pobres só tende a piorar se não nos colocamos em pé de luta pelos direitos elementares das mulheres e de toda a classe trabalhadora.

Por isso, neste Dia Latino-americano e Caribenho pela Legalização do Aborto, fazemos um chamando as todas trabalhadoras, jovens, estudantes, donas de casa a sairmos nas ruas nesse dia 28 de setembro para gritar: Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos. E fazemos um chamando especial para o Movimento de Mulheres em Luta da Conlutas e ao PSTU, as companheiras do PSOL que vêm questionando o projeto de seu partido e travando uma luta exemplar contra as posições reacionárias contra o direito ao aborto, também à ANEL e todas as entidades estudantis, sindicatos, e grupos que levantam as bandeiras das mulheres na luta pelos seus direitos democráticos, a formarem um bloco classista e anti-governista no ato do dia 28/09 na Praça da Sé as 15h.

O grupo de mulheres Pão e Rosas convidou a todos os presentes na atividade dos MIS - Campinas para participação do ato na Praça da Sé

No dia 23/09/09 o Pão e Rosas apresentou o documentário O Aborto dos Outros no MIS (Museu da Imagem e do Som) em Campinas-SP. O documentário mostra menina vítima de estupro, de 13 anos que aguarda no hospital os procedimentos para um aborto legal já autorizado. Ela passa por um constrangimento desnecessário ao ter que revelar detalhadamente a violência que sofreu. Grávida de seis meses, uma mulher casada concorda em interromper a gravidez a conselho médico, depois que exames constatam defeitos irreversíveis no feto, uma empregada doméstica que recorreu a um remédio para provocar o aborto teve hemorragia intensa, foi parar num hospital. Acabou denunciada e sendo algemada na cama, além de enfrentar um processo.

Ao abrir para discussão no MIS, foram feitas algumas colocações pelos participantes da atividade, tais como o fato de as mulheres pobres e trabalhadoras serem as mais que mais sofrem com a criminalização do aborto, pois não possuem condições financeiras de realizar aborto em uma clínica. Apontou-se no debate o número de mulheres brasileiras que realizam aborto em condições clandestinas (750 mil a 1 milhão/ano), sendo que 50% destes abortos são realizados por mulheres em seus lares, em péssimas condições de higiene (dados do Ministério da Saúde).
O direito à maternidade não é respeitado pelo Estado, quando não há acesso a saúde, educação e moradia com dignidade, porém este mesmo Estado penaliza as mulheres quando praticam o aborto. Além disso, foi colocado o momento político de uma ofensiva de setores “pró-vida”, prova disso foi a 3ª Marcha Nacional da Cidadania pela Vida, realizada em Brasília no último 30 de agosto e também o 2º Encontro Mundial em Defesa da Vida, que acontecerá em 2010, no Brasil, visto como um país exemplo no combate ao aborto. Apesar disto, militantes que defendem a legalização do aborto estão pressionando seus partidos a se colocarem a favor do direito das mulheres, pois estes partidos possuem figuras públicas contrárias à legalização.
Colocou-se também a importância de debatermos com a população que possui princípios religiosos e é contra o aborto por acreditar que se tratar de uma “alma perdida”. Neste caso, o que precisamos levar em consideração é a realidade concreta de nossa sociedade, devido à ocorrência de mortes por abortos clandestinos, do sofrimento quando o aborto é feito com agulhas de tricô e objetos que levam a hemorragia e dores intensas.

Além disso, levantou-se a questão dos papéis que são impostos à mulher em nossa sociedade como o de mãe, ou seja, a maternidade se configura como um dever e não como um direito. O papel de dona-de-casa e/ou esposa, que prepara tudo, lava, passa, cozinha para que o marido trabalhe fora e perpetue a sociedade capitalista. O papel de “mercadoria” com a exposição de seu corpo em propagandas da mídia, em geral. E por fim, a mulher que “adquiriu” o direito de trabalhar fora, mas que capitalismo se utilizou disto para maior exploração da classe trabalhadora, pois a mulher, em geral, acaba recebendo salários mais baixos do que os homens, além de ocupar os cargos mais precários, como os trabalhos terceirizados, telemarketing, etc... Por fim, o debate levantou a conclusão de que a superação do machismo somente ocorrerá com a superação do capitalismo, pois este faz com que a mulher seja oprimida e explorada.
Com isso, o grupo de mulheres Pão e Rosas convidou a todos os presentes na atividade dos MIS para participação do ato na Praça da Sé, dia 28 de setembro, que é o dia latino-americano e caribenho pelo direito ao aborto e demais atividades da Campanha latino-americana pelo direito ao aborto.

Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos!
Educação sexual para escolher, anticoncepcionais de qualidade para não engravidar e aborto legal, livre, seguro e gratuito para não morrer!

sábado, 26 de setembro de 2009

Jornal PUCVIVA: Neste 28 de setembro saiamos às ruas pelo direito ao aborto e pelas mulheres de Honduras!

(São Paulo, 26/09/09) No dia de luta pelo direito ao aborto na América Latina e no Caribe, a direita e o imperialismo norte-americano avançam sobre a região, como estamos vendo em Honduras. A crise econômica mundial atinge milhões de seres humanos, mas de forma mais cruel às mulheres, as mais pobres entre os pobres. Hoje, qualquer luta para arrancar nossos direitos encontra em nossas irmãs hondurenhas, o melhor exemplo. O Pão e Rosas da Argentina, Brasil e Chile, que impulsiona a Campanha Latino-Americana pelo Direito ao Aborto, chama as mulheres de todo o continente a impulsionar a mais ampla mobilização neste 28 de setembro, para impôr nas ruas de toda a América Latina nossa voz e arrancar nosso direito de que não haja mais nenhuma mulher morta por aborto clandestino! (...) Clique aqui para ler artigo na íntegra no site da Associação de Professores da PUC-SP, que publica o jornal PUCVIVA.

"Na KRAFT não, não, não à repressão! O governo é responsável e os estudantes dizem não!"

Hoje, estudantes da USP e da PUC-SP, integrantes do Movimento A Plenos Pulmões e do grupo de mulheres Pão e Rosas, junto a trabalhadores e professores foram manifestar seu repúdio à brutal repressão desferida pelo governo argentino e pela patronal da Kraft-Terrabusi contra os trabalhadores e trabalhadoras que lutam contra as mais de 160 demissões, em frente ao consulado da Argentina em São Paulo.

Em frente ao consulado argentino, na Avenida Paulista, os estudantes gritavam "Na Kraft não! Não à repressão! O governo é responsável e o estudantes dizem não!". Pablito, trabalhador da USP fez uma saudação à luta dos trabalhadores, dizendo que nesse momento era necessária a maior unidade para se enfrentar com a patronal que, com a ajuda do governo, reprimiu os trabalhadores no dia de hoje. Flávia Vale, estudante da USP e do Movimento A Plenos Pulmões ressaltou a necessidade da juventude se aliar a luta dos trabalhadores e sair às ruas pra gritar "Kraft, escuta! Sua luta é nossa luta!".

Diana Assunção, do grupo de mulheres Pão e Rosas saudou a participação das mulheres trabalhadoras e das familiares dos trabalhadores que estão na linha de frente de toda a mobilização. A manifestação exigiu o fim da repressão e liberdade imediata dos presos, assim como a reincorporação dos mais de 160 despedidos.

Entrevista com Clarissa Menezes sobre o Dia de Luta pela descriminalização do aborto na América Latina

Reproduzimos entrevista publicada no Jornal Palavra Operária, da Liga Estratégia Revolucionária, com Clarissa Menezes, militante do Pão e Rosas e da LER-QI e mestranda em Saúde Coletiva na UFRJ. Ela nos fala sobre a Campanha Latino-Americana pelo Direito ao Aborto e como vê a luta no Brasil por esse direito.

Dia 28 de setembro é o Dia de Luta pela Legalização do Aborto na América Latina e Caribe. Qual a importância dessa data e como está colocada na realidade a questão do aborto hoje?

Nos manifestamos dentro das universidades e locais de trabalho em defesa de nosso direito à vida e de decidir sobre nossos próprios corpos cotidianamente. E isso deve ganhar maior força neste mês, quando se aproxima o dia 28 de setembro. Em toda a América Latina estima-se que morrem cerca de 5 mil mulheres todos os anos por conseqüência da clandestinidade do aborto. No Brasil cerca de 1 milhão de abortos são realizados por ano, são feitas 250.000 internações para o tratamento das complicações de aborto no sistema público de saúde, sendo que em estados como BA e PE a primeira causa de mortalidade materna é em conseqüência de abortos clandestinos. Qualquer profissional da saúde sabe que essas mortes são perfeitamente evitáveis, concordem ou não com a legalização do aborto. Mas porque então as mulheres seguem morrendo ensangüentadas, sofrendo conseqüências graves como infecções que as levam a ter que retirar o útero, passando por humilhações de todo o tipo nos hospitais, tendo seu útero perfurado, sendo deixadas 2, 3 dias sagrando nas macas como “punição”, entre tantas outras atrocidades?

E frente a tudo isso, os setores contrários ao direito ao aborto seguem na ofensiva...
Sim, é verdade. Sobre nossos corpos se impõe a Igreja aliada aos distintos governos, além da Frente Nacional Parlamentar Contra o Direito ao Aborto. Além disso, está sendo organizado para o ano que vem um “Encontro internacional pela vida” sediado no Brasil, que é tido como um exemplo no combate à legalização do aborto, por exemplo com o caso de quase 10 mil mulheres perseguidas pela justiça burguesa no Mato Grosso do Sul por terem fichas médicas numa clínica clandestina, e algumas cumprindo pena trabalhando em creches.

No meio da crise capitalista enquanto o governo Lula salva os capitalistas com bilhões de reais, mulheres e seus filhos morrem nas filas dos hospitais, diante de epidemias como a dengue, e recentemente a gripe A, e morrem todos os dias por conseqüências de abortos clandestinos. Enquanto isso, no mês passado foi dado dinheiro do governo para a realização de uma marcha em Brasília contra o direito ao aborto. Ao mesmo tempo, o posicionamento de figuras políticas contrárias ao direito ao aborto tem gerado intensas discussões, como se demonstrou no PSOL, quando em seu recente Congresso muitos militantes se rebelaram contra Heloísa Helena que faz campanha ativa contra esse direito, indo contra a própria resolução do partido sobre essa questão.

No caso do PT, estamos vendo nesta semana que Luiz Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC), ambos deputados federais, estão sendo punidos pelo partido por se colocar contra a descriminalização do aborto. Esses fatos novamente colocam com mais destaque o debate sobre o tema. Outro aspecto é que os partidos políticos já se preparam para as eleições de 2010 e há duas figuras femininas em destaque, que são Dilma Roussef e agora Marina Silva. Toda a aparência de progressista que Marina Silva tenta destacar em sua saída do PT esconde um fato que não é qualquer: assim como Heloísa Helena, ela se coloca contra um direito democrático elementar. Dilma se posiciona timidamente a favor da legalização, mas teríamos que perguntar como pôde cumprir um papel tão central no governo de Lula durante anos ao mesmo tempo em que sob esse governo não se avançou de fato na legislação que segue punindo brutalmente as mulheres que abortam. A verdade é que temos que aproveitar esse cenário em que muito se discutirá sobre o papel das mulheres e os discursos de emancipação. Temos que dizer em alto e bom som que enquanto meia dúzia de mulheres ascende ao poder, nós, mulheres trabalhadoras e pobres, seguimos morrendo nos corredores dos hospitais. E isso não pode significar emancipação.

Fale um pouco sobre a Campanha Latino Americana pelo Direito ao Aborto e as ações para o dia 28 de setembro.

A campanha está presente na Argentina, Bolívia, Brasil e Chile. Falando de América Latina, estamos num contexto em que a direita endurece suas ações, tendo em Honduras a sua principal expressão. Ao mesmo tempo, a resistência de massas se coloca e as mulheres estão cumprindo um papel destacado. Não tratamos do tema do aborto desligado dessas questões da realidade. Combater a ofensiva dos setores mais reacionários é parte fundamental da nossa luta. Nesse sentido, acho muito importante que somemos forças em frentes únicas amplas colocando-nos contra o golpe em Honduras e também na luta pelo direito ao aborto.

No Brasil, desde a Campanha Latino Americana, organizaremos atividades nas universidades e locais de trabalho, e também estaremos presentes nas ações pela legalização do aborto convocadas por outros movimentos e organizações, ao mesmo tempo em que mantemos públicas nossas diferenças políticas como é o caso da Frente Pela Legalização do Aborto, que tem um Manifesto que não assinamos por trazer em seu conteúdo uma defesa da democracia dos ricos que não compartilhamos. Mas penso que é fundamental somar forças em ações concretas. No CACH, Centro acadêmico de Ciências Humanas da Unicamp, onde atuamos, as/os companheiras/os votaram um chamado a organizar atividades no fim desse mês. Na reunião nacional da ANEL (Assembléia Nacional dos Estudantes Livre, impulsionada pelo PSTU) também propusemos impulsionar atividades pelo direito ao aborto, o que foi aprovado – e agora é hora de concretizar essa resolução. É preciso que as mulheres de toda a América Latina nos levantemos para dizer basta de mortes por abortos clandestinos, para que possamos decidir sobre nossos corpos e nossas vidas! Lutando por educação sexual em todos os níveis da educação pública, por contraceptivos gratuitos de qualidade e pelo direito ao aborto legal, livre, seguro e gratuito, garantido pelo Estado.

Basta de assédio sexual nas moradias estudantis!

Reproduzimos abaixo artigo publicado no Jornal Palavra Operária, da Liga Estratégia Revolucionária, escrito por Diana Assunção e Laís Tsuki.

Dentro de importantes universidades estão surgindo denúncias de assédio sexual e estupros contra estudantes. São casos que acontecem há algum tempo, mas que contaram sempre com o silêncio ensurdecedor das Reitorias, da burocracia acadêmica, e muitas vezes com a impotência do movimento estudantil. Nas últimas semanas, duas estudantes da UNESP de Araraquara que sofreram assédio sexual dentro da Moradia Estudantil do campus, resolveram soltar as suas vozes, buscar apoio entre os outros moradores e lutar pela expulsão do assediador. Vários estudantes se solidarizaram com a situação, se mobilizando com abaixo-assinados e cartazes por sua expulsão, o que resultou num fato ainda não apurado de incêndio criminoso no quarto das duas meninas.

Mas não podemos encarar esses casos como fatos isolados, ou então como “aberrações” dentro das universidades, pois estamos falando de universidades “de classe” que reproduzem as grandes contradições da sociedade de classe na qual vivemos, dentre elas a opressão da mulher. Todos os dias nos jornais lemos casos de assassinatos de mulheres sem motivo aparente, aumento da violência contra as mulheres por seus maridos e pela polícia, assim como casos de assédio moral e sexual contra as trabalhadoras, sobretudo as terceirizadas, sem falar nas mulheres hondurenhas estupradas todos os dias pela polícia do governo golpista. Dentro da universidade a violência contra a mulher também se expressa e não poderia ser diferente, já que possui uma estrutura de poder dominada por uma burocracia acadêmica e onde os estudantes não têm voz, com um conhecimento produzido para a classe dominante, e também como em São Paulo, com direções atreladas ao governo do Estado que constantemente vem atacando os trabalhadores.

Hoje, acreditamos que somente a mobilização independente dos estudantes buscando uma ampla frente-única pode dar resposta a esse problema. Isso porque se trata de reavivar o movimento estudantil da UNESP de Araraquara, colocando no centro de suas reivindicações a luta contra a opressão da mulher, entendendo que não se trata de um problema individual ou isolado, e que portanto necessita de uma forte organização das entidades estudantis, operárias e de mulheres, a começar pela recém fundada ANEL (Assembléia Nacional dos Estudantes – Livre) que em sua última assembléia votou por ampla campanha contra o assédio sexual nas moradias estudantis. Por isso gritamos: Todo apoio às duas estudantes de Araraquara! Abaixo o assédio sexual, as ameaças e incêndios na Moradia Estudantil! Pela expulsão imediata do assediador! Pela auto-organização independente dos estudantes em aliança com os professores e trabalhadores da universidade e da cidade! Por uma ampla campanha em todas as universidade contra a violência às mulheres!

*Diana Assunção é trabalhadora da USP e integrante do GT de Mulheres da Conlutas São Paulo; e Laís Tsuki é estudante da UNESP de Araraquara e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

"Precisamos fazer ações conjuntas, aqui a Kraft Foods também comprou empresas, também explora!"

(São Carlos, 25/09/09) Gostaria de compartilhar minha preocupação pelas trabalhadoras e trabalhadores que estão neste momento dentro da fábrica, invadida pela polícia. Em dezembro de 2008 entrevistei María Tereza Rosario, liderança sindical da fábrica Terrabussi-Kraft, conheci sua luta pelos direitos de trabalhadores e trabalhadoras e sua história é um capítulo de minha tese de doutorado, defendida há apenas duas semanas. Hoje cedo recebi uma ligação da Argentina, minha irmã queria que soubesse que nestas horas María Tereza está dentro da fábrica, que foram reprimidos, e a família está com medo do que possa acontecer. Considero que deveríamos fazer algum tipo de ação conjunta, aqui a Kraft Foods também comprou empresas nacionais, também explora. Deveríamos atingi-la onde mais sente, boicotar a compra de produtos, na Argentina, no Brasil, onde Pão e Rosas existir, no mundo! Antes que ela passe a decidir quem come, o que, como, quando, e onde. Abraço. Fico a disposição.
Adriana Bogado, Dra. em Sociologia, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Pesquisadora do grupo “Terra, Trabalho, Memória e Migrações” (Diretório CNPq)

O Pão e Rosas agradece a mensagem de solidariedade, que encaminhamos para nossas companheiras da Argentina e nos somamos ao chamado de que é preciso fazer ações conjuntas! Estaremos na USP de São Carlos na quarta-feira, em ocasião do Dia Latino-Americano e Caribenho pelo Direito ao Aborto e pensamos em aproveitar nossa viagem para fazer uma reunião conjunta com professores, trabalhadores e estudantes da UFScar para debater o tema. Entrem em contato pelo email paoerosasbr@gmail.com

Urgente: Kraft-Terrabusi prepara um despejo violento

(Argentina, 25/09/09) Desde ontem começou uma grande disperção de carros de infantaria e polícia na porta que impede os trabalhadores de chegar ao portão da fábrica Kraft Foods, ex Terrabusi (situada em Pacheco, Av. Ford 1134, Argentina). Este Governo é muito duro com os trabalhadores e muito mole com esta empresa norte-americana que não cumpriu com nenhuma das intimações do Ministério de Trabalho da Nação. Fazemos responsáveis ao Governo nacional e à Empresa das conseqüencias que possam ter uma tentativa de despejo. Comissão Interna de trabalhadores e trabalhadoras de Terrabusi.

"Toque de recolher nos bairros de maior enfrentamento e resistência"

(Tegucigalpa, 24/09/09) O regime golpista está aplicando o toque de recolher durante esta noite das 19h às 5h da manhã de sexta-feira, nos bairros de maior enfrentamento e resistência, que são Franciso Morazan, Olancho, Santa Barbara, Colón, os município fronteiriços de El Paraiso, Valle, La Paz, Ocotepeque e Copan, assim como a zona metropolitana do Valle de Sula. Esta aplicação seletiva do toque de recolher, é em grande parte do território nacional e foi escolhido assim numa tentativa de frear o repúdio geral da população pelas medidas repressivas como o próprio toque de recolher e a impunidade, enquanto se endurece a repressão nos bairros de maior enfrentamento. Também na televisão os golpistas passaram hoje um programa de 2 horas com policiais tentando explicar para a população suas "razões" para aplicar o toque de recolher, condenando os saques e a violência da resistência. Este circo foi acompanhado por uma transmissão ao vivo do funeral de um dos policiais que morreu por estar a frente da repressão nos bairros durantes esses dias. Uma piada diante das centenas de presos, asfixiados pela fumaça, feridos, desaparecidos e assassinados nas mãos da polícia e do exército nesta semana.
É que os golpistas mostram sua enorme debilidade e vão tentando se legitimar, enquanto buscam a cada noite liquidar com a resistência nas ruas. Sandra, direto de Honduras.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Pão e Rosas convida: Artistas contra o golpe em Honduras!

No dia 03 de outubro, todas e todos à Casa Socialista Karl Marx se manifestar contra o golpe em Honduras. Atividade impulsionada pelo grupo de mulheres Pão e Rosas, pelo Movimento A Plenos Pulmões e pela Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional.

Estudantes de Araraquara iniciam campanha contra o assédio sexual nas Moradias Estudantis

"Nós mulheres seguimos em resistência, nos bairros, nas ruas, nas oficinas, seguras de que vamos vencer"

(Tegucigalpa, 24/09/09) Obrigada companheiras, é muito importante sua solidariedade, continuamos resistindo nos bairros e nas colônias, ontem saímos numa grande marcha, a polícia não nos deixou avançar até a embaixada do Brasil e nos reprimiram novamente, vários jovens detidos e espancados. Na colônia San Francisco dois policiais de bicicletas dispararam a dois jovens que morreram. Nós mulheres seguimos em resistência, nos bairros, nas colônias, nas ruas, nas oficinas, nas cozinhas garantindo a sobrevivência, seguras de que vamos vencer. Sara, direto de Honduras.

"Estou chocada e só posso pensar em denunciar esses fatos. Fora a polícia dos hospitais de Honduras!"

(Tegucigalpa, 24/09/09) Amigas, amigos. Acabo de voltar do hospital onde levei meus irmãoes que foram arrastados pela polícia (depois da marcha) e espancados selvagemente, enquanto gritavam para eles que essa era a forma de aprender a não andar nas marchas e que Zelaya não nos ia liberar do golpe. Um dos meus irmãos de 21 anos tem os pulmões inchados de tanto soco e chute e o outro está com as duas mãos quebradas, numa mão tem uma fratura e na outra quatro. É possível que necessite de uma operação, mas isso só vamos saber na segunda. Além disso prenderam várias companheiras das Feministas em Resistência, que depois soltaram porque viram seu cartão identificatório do observatório de direitos humanos das mulheres. O que acho inacreditável é que a polícia está levando as pessoas (em sua maioria os jovens) do hospital, e entrando nas suas casas e ninguém fala nada. Meus irmãos e um companheiro só não foram pegos porque eu me identifiquei como feminista em resistência e foram embora, mas antes já tinham levado dois jovens feridos. Estão entrando nos hospitais a cada duas horas, para ver quem podem levar. E isso não podemos permitir! A Cruz Vermelha brilha por sua ausência, mas têm enfermeiras e companheiros da resistência dentro do hospital que nos ajudaram muito. Obrigada a Meli, Maria Virginia, Pavel, Carlos e Mina pelo apoio solidário. Estou chocada e só posso pensar em denunciar estes fatos. Fora a polícia nos hospitais! Um grande abraço, Jéssica

Neste 28 de setembro vamos expor nossas dores e sofrimentos diante da clandestinidade do aborto






























Exposição de imagens organizada pelo Pão e Rosas sobre Direito ao Aborto, em ocasião do dia 28 de setembro, Dia Latino-americano e caribenho pela legalização do aborto. Acompanhe também as atividades e ações da Campanha Latino-americana pelo Direito ao Aborto. Veja exposição completa na USP (Butantã e São Carlos), Unesp (Franca, Rio Claro, Araraquara e Marília), UFRJ (IFCS), Unicamp, PUC-SP.

Quer realizar a exposição em seu local de estudo ou trabalho? Escreva para paoerosasbr@gmail.com

"A enorme mobilização está sendo fortemente reprimida, grupos de pessoas paradas estão sendo presas"

(Tegucigalpa, 23/09/09 às 05h) Forças Armadas declararam que se retoma o toque de recolher até novas ordens, e que se usarão as armas e a força extrema caso seja necessário. A Comissão Interamericana dos Direitos Humanos, pertencente a OEA, pede ao Congresso de Honduras que permita uma visita urgente de inspeção. Uma maioria de congressistas liberais acabam de comunicar uma posição de condenação ao golpe de estado, contra a repressão e a favor da chegada de Zelaya ao país. A enorme mobilização está sendo reprimida fortemente, se dispara contra as pessoas e estão prendendo e perseguindo em todo o centro, não se sabe o saldo neste momento. Só por olhar as pessoas em grupos parados já estão sendo presos. Informe de Sandra Fuentes, direto de Honduras.

Moradia de Rio Claro: Solidariedade às estudantes de Araraquara

Nós estudantes residentes na Moradia da Unesp de Rio Claro, reunidos em Assembléia no dia 22 de setembro de 2009, manifestamos nosso completo apoio à decisão da assembléia de moradores da Unesp de Araraquara do dia 1º de setembro: exclusão de Libero da Leva do Programa de Permanência Estudantil e sua imediata expulsão da moradia. Compreendemos que casos de assédio sexual, ou mesmo tentativas, como o cometido por este estudante, devem se respondidos o mais rápido possível, punindo o criminoso de maneira exemplar, pois somente assim superaremos os entraves opressores de uma sociedade pautada em valores machistas. Não podemos permitir que mulheres tenham medo de denunciar os que as assediam. Chamamos as estudantes a se organizarem com suas Direções e/ou Comissões de Moradia para que se combata esse tipo de prática absurda de maneira a defender também a autonomia estudantil sobre a Moradia, para assegurar que não fiquemos a reboque dessa estrutura de poder antidemocrática e que acaba por corroborar com tais práticas – como exemplo o caso de Rio Claro em 2008. Colocamos também a necessidade de que todos incorporem a construção de atividades de esclarecimento, de formação, de denúncia e de combate aos casos de assédio sexual em moradias, desde suas Direções/Comissões, Fóruns Locais e Fórum Geral de Moradia – que a comissão organizadora acrescente atividade com esse tema e objetivo no próximo Fórum de Assis, em novembro. Por fim, condenamos veementemente o incêndio criminoso na casa das vítimas não só por defendermos as estruturas da Moradia, mas por entendermos que se trata de um ataque contras as moradoras, por se colocarem a denunciar o assediador. Direção de Moradia de Rio Claro

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Marcha contra o golpe em Honduras, Sandra Fuentes direto de Tegucigalpa

"As meninas assediadas, além de terem sofrido essa violência, também sofreram com o incêndio"

(Araraquara, 23/09/09) Companheiras, primeiro informo que está tudo bem com as meninas e com os demais moradores do bloco incendiado, apesar dos danos psicológicos que este tipo de violência pode causar, ninguém se feriu fisicamente. Envio este informe, a pedido de moradores da Moradia Estudantil, para corrigir uma informação do meu último informe, que fazia ligações com o caso de assédio e o incêndio. Retiro essa ligação já que ainda não existem provas. Por isso aguardaremos o laudo. O fato é que, as meninas assediadas, além de já terem sofrido violência pelo fato do assédio, agora lhes soma o ato de extrema violência que foi o próprio incêndio. Informo também que amanhã se realizará Assembléia Geral no Campus para tratar tanto do caso de assédio quanto ao caso do incêndio. Caso alguma companheira necessite de algum esclarecimento, que se sinta à vontade para isto. Agradecemos as moções de apoio enviadas e as próximas deverão ser enviadas para o email mocoesapoioararaquara@yahoo.com.br. Informe de estudante da UNESP Araraquara.

Hoje, exibição do documentário "O Aborto dos Outros" no MIS de Campinas

Maiores informações pelo email paoerosas.campinas@gmail.com

Pan y Rosas Teresa Flores, do Chile, esteve na embaixada de Honduras para repudiar o golpe e a repressão!

CACH Unicamp: Basta de assédios sexuais e ameaças na Moradia Estudantil da Unesp de Araraquara!

O Centro Acadêmico de Ciências Humanas (CACH) da Unicamp repudia veementemente os episódios de assédio sexual e ameaças contra as estudantes da Moradia Estudantil da Unesp de Araraquara, que nesta segunda chegou ao absurdo de um incêndio criminoso na casa de uma das vítimas. Solidarizamos-nos com a decisão tomada na assembléia dos moradores de lá pela imediata expulsão do agressor. Desde já nos colocamos ao lado de nossas companheiras e companheiros de Araraquara que estão travando esta tão importante e necessária luta, e estamos à disposição para ajudar em tudo o que pudermos.

Chega de assédio sexual e ameaças em Araraquara! Imediata expulsão do agressor! Que os estudantes, trabalhadores e professores se organizem contra a violência contra as mulheres e as opressões nas universidades e moradias!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Urgente: mensagem das Feministas em Resistência direto de Honduras

(Tegucigalpa, 22/09/09) Acabam de nos avisar que vão realizar um corte de energia por 48 horas a partir das sete da noite, no território nacional, então não poderemos sair para comprar comida, nem nada, vão nos sitiar. Desde San Pedro Sula disseram que os militares entraram nas casas para retirar as pessoas que vinham da manifestação, minha irmã é dirigente da entidade de professores e está ferida, mas conseguiu chegar em sua casa. O exército está nos bairros entrando nas casas, então estamos esperando chegarem e estamos prontas. Em San Pedro Sula estão prendendo as pessoas e deixando-as dentro do Estádio Olímpico, e aqui em Tegucigalpa no Estádio Chochi Sosa (no mais puro estilo Pinochet). O exército está entrando nos hospitais, tirando as pessoas. Precisamos estar conectadas, por favor divulguem esta notícias, divulguem que estamos em perigo de sermos presas, a entrada dos militares nos hospitais, a detenção das pessoas e das mulheres. Se não conseguirem se comunicar por esta via porque não sabemos o que pode acontecer, se comuniquem com a gente pelos celulares. Um abraço, desde o amor, do temor e da resistência. Jéssica.

Parem a brutal repressão ao povo hondurenho! Abaixo o golpe em Honduras! Abaixo o toque de recolher!

Reproduzimos informe direto de Tegucigalpa, Honduras, de Sandra Fuentes, enviada da Fração Trotskista - Quarta Internacional (organização internacional da qual a LER-QI faz parte).

A partir da imposição do toque de recolher em Honduras por 26 horas, milhares de pessoas de todas as partes do país saíram às ruas em franca rebelião frente à imposição do golpe, em direção a Tegucigalpa ante o chamado da resistência a seguir em luta.

Durante toda a noite em dezenas de caravanas, em automóveis e a pé em uma franca rebelião ao toque de recolher, encheram as principais avenidas. Enquanto da mesma forma milhares de pessoas em Tegucigalpa, principalmente jovens, chamavam as pessoas a saírem de suas casas, em menos de uma hora já eram mais de 10 mil, sobretudo jovens.

O exército a esta hora mantém reféns em todas as entradas da cidade para impedir o ingresso de caravanas e houve múltiplos enfrentamentos em todo o país.


O mais forte deles foi o brutal enfrentamento às 5hs da manhã na embaixada do Brasil, onde centenas de policiais e militares desalojaram o enorme contingente de 50 mil pessoas que estavam ali durante a noite, se lançaram por mais de duas horas e até o momento bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, deixando dezenas de pessoas desmaiadas na rua, e passando sobre elas. A partir disso, se iniciaram a onda de denúncias telefônicas a Radio Globo, que transmite clandestinamente de algum lugar desconhecido do país, de pessoas feridas gravemente, desaparecidas, gente detida, e se confirma por Cholusat ao menos 2 pessoas mortas.

Neste momento se estão lançando uma quantidade impressionante de bombas de gás pelas janelas para obrigar Zelaya a sair da mesma, e estão quebrando os muros de uma casa ao lado para entrar na embaixada, chegaram caminhonetes e centenas de militares esperam a ordem para ingressar na mesma. Zelaya teve que interromper uma entrevista para se resguardar na parte de trás e poder respirar por uma janela. Desde a sede se dão gritos de ajuda à população para repelir o exército, mas ao mesmo tempo Zelaya até 10 minutos seguia chamando o diálogo com os golpistas. Se abriram as portas a dezenas de jovens que resistiram a repressão cobrindo as portas e agora põem o corpo para proteger os funcionários que se encontram ali dentro.

Bertha Oliva, coordenadora do COFADEH, acaba de denunciar a abertura de dois centros ilegais de detenção, um instalado em Chochisosa e outro no quartel general de São Francisco, para onde estão sendo levados os detidos e os feridos.

A Rádio Globo faz comparações do sucedido a noite e agora, as primeiras horas da manhã, com a ditadura de Pinochet e pede à população não se intimidar pela repressão e seguir rumando à Tegucigalpa. Pede também à população resguardar as pessoas que estavam fugindo pelas ruas, denunciando quem está disparando em motos, que passam todo o dia percorrendo as ruas.